onde as ruas não tem nome

He could feel the freckles of sand running through the hateful wind that was blowing in that summer afternoon. He could feel his heart beating while his head was urging him to remember that absurd night. Yes, he could feel it all. But, at the same time, the rush of thoughts was making him be obligated to stop those sensations.
She interrupted the deep breath he was taking after some thoughts on what he had just made the night before, and would whisper in his ears: ‘I still love you’.
In the opposite way of the mistaken promises lots of teenagers made every day about loving another person and wanting to be forever with that particular one – all product of that shallow ridiculous relationships – their love wasn’t false. They both shared it for a long time and they had gone throughout a rocky road of a tumultuous relationship. But they were still there, waiting to finally be together.
Even though they both wished to be together, at the same time, there was something stopping them from doing so. Something really strong…
That old teenager urge of being free.

Citação: U2 - Where the Streets Have no Name

universos paralelos

A mudança é tão estranha porque tenho diferentes grupos de amigos que me conheceram em diferentes épocas da minha adolescência - período no qual uma pessoa mais muda. Ao falar com cada um deles sinto que eles não me conhecem bem, só por não terem acompanhado as mudanças que sofri durante esses últimos anos - irremediavelmente gigantescas. Alguns até acompanharam, e são nesses que deposito maior confiança pelo bom entendimento que eles tem de minhas ações e atitudes. Os que me conheceram mais cedo, no ensino fundamental, por exemplo, e que não mantive convivência nesses dois anos de ensino médio, são os que com mais sinto essa abrupta discrepância: é estranho conversar com alguém que acha que você parou no tempo e continua aquela pessoa com aqueles velhos gostos e ânsias.
É estranho também perceber como a vida deles se encaminha, enquanto você tomou um rumo completamente diferente e agora anda com pessoas opostas. A mente aberta de meus amigos atuais se opõe ao suburbanismo que exala dessas pessoas que, mesmo que com mentes limitadas, ainda me proporcionam uma sensação absurda de nostalgia e boas lembranças. Lembranças de um tempo onde brincar na rua era minha principal ocupação e sexo era um termo engraçado que só se exibia em piadas infantis sobre a novela das oito. Não estou reclamando da mudança e nem tentando atenuar o passado como perfeito e idolatrar a inocência, mas são só lembranças nostálgicas.
Tenho a noção realista que meus amigos atuais vão um dia seguir rumos diferentes dos meus, e talvez nosso contato se perca ou talvez conseguiremos mantê-lo de alguma forma, mas pessoas diferentes são agentes positivos para novas mudanças. Então, vou tentar manter o clima nostálgico baixo, por mais difícil que seja, ainda mais que é natal.

pano de fundo


você me quer? você cuida de mim?
mesmo que eu seja uma pessoa egoísta e ruim?
você me aceita, e me dá a receita
de como conviver com um monstro mesquinho e careta?
você me respeita, não grita comigo...
...mesmo que eu tente tudo pra te irritar

você tem que entender
que eu sou filho único
que os filhos únicos são seres infelizes

eu tento mudar... eu tento provar que me importo com os outros
mas é tudo mentira (tudo mentira)
estou na mais completa solidão
do ser que é amado e não ama

Filho Único, do eterno Cazuza

construção da rotina destrutiva

O sol ainda não nasceu, e o escuro impera sobre as colinas habitadas margeadas pela rodovia - que ainda não está movimentada. Um quente banho dá o ritmo para o resto do dia, que presume-se ser mais outro cansativo. O sol dá sinais de querer nascer enquanto subo no primeiro ônibus, relativamente ocupado por sonolentos rostos. No segundo ônibus, a visão do sol nascente contrastando com as águas calmas da beira-mar norte e os remadores espantando gaivotas com seus remos e remando por entre a sujeira da baía deixa a manhã com um gosto menos amargo, e até, ao menos para mim, nostálgico. A música dá o tom para o resto do dia e um café na praça inicia seu ciclo.
As luzes da escola acendem no ínicio de uma preguiçosa manhã. Os corredores vão enchendo até o primeiro sinal tocar e lembrar a todos de entrarem nas salas, sentarem nas cadeiras e aguentarem quatro horas ali sentados se conformando com o sistema educacional, com uma breve interrupção para o recreio. Dia após dia, as conversas vão ficando mais escassas assim como os assuntos, já que a mesma convivência que fez amizades agora as deixa monótonas. Todos começam a necessitar sentirem saudades para evitar aborrecimentos, comuns a quem se vê cinco dias por semana.
Eu olho para a janela e vejo o sol iluminando as ruas e as casas do centro da cidade, e a vontade de sair da sala de aula se sobrepõe a obrigação de terminar mais outro semestre com resultados positivos. Ao mesmo tempo que tudo parece passar rápido demais - olhe, ali já está o natal! - os dias, de tão rotineiros e parecidos - parece que se estendem para sempre. As férias parecem nunca chegar. Quando chegam, a rotina já era tão premeditada e seguida com tanta religiosidade que uma sensação de estar desocupado preenche minha mente.
Os melhores anos de nossas vidas não podem estar resumidos a um resumo do que seremos quando adultos. Mas eles parecem estar acometidos a isso mesmo... e parece que é exatamente isso que tais adultos querem, quando clamam por resultados e comentam do 'mundo lá fora', como se não vivessemos nele. A ideologia adolescente da ânsia por liberdade e por diversão não pode ser tão irracional assim.

e o padrão se confirma

Não era para acontecer de novo, pelo simples fato de que, se acontecesse novamente, iria entrar naquele mesmo velho padrão de meus relacionamentos. Mas, ao contrário dos outros relacionamentos, cuja reprise foi quase como que uma última vez - um selo de finalização -, nossa 'recaída' foi algo que sabíamos que iria acontecer e também era inevitável que acontecesse, e sei que vai acontecer de novo. Claro que uma hora vai acabar por definitivo - algumas ações suas e minha natureza instável denunciam isso - mas por enquanto continua sendo bom, mesmo que ocioso.
Porque quando é entre nós dois, e apenas entre nós dois, é ótimo.

sadness

Olhando um pouco para trás e me envolvendo por um tipo de nostalgia pesada e contaminante, não é difícil ver porque parei aqui - e parei não só no sentindo de ter chegado nessa situação, de ter parado mesmo. Pessoalmente, estou parado, não consigo mais me mexer. Isso foi o resultado de uma intensa guerra de sentimentos que comigo se estende há mais de dois anos, e culminou no depósito de expectativas em alguém completamente aleatório que apareceu do nada na minha frente. Enquanto sempre tive expectativas pessimistas e duvidosas que me barraram de entrar em relacionamentos sérios, agora as expectativas foram as mais altas possíveis - assim como a queda, queda ao perceber que as expectativas não tinham nenhum fundo de realidade.
É difícil se sentir mal em algum momento todos os dias. Vou mascarando até ser impossível tudo isso, mas mascarar não ajuda de modo algum a passar. Deixar a mostra também tudo o que sinto não ajuda muito, já que só faz as pessoas se afastarem - ninguém gosta de um intenso depressivo. E com amigos próximos já não consigo mais dividir o que sinto porque parece que cai numa rotina de repetitividade.
E... vou sentir absurdamente sua falta. Mesmo podendo ser resultado de um conflito e a tentativa de validar minhas falhas e relacionamentos passados, meu sentimento por você não é inventado. Nunca foi. E persiste, sem nenhuma mancha... não entendo direito o que estou sentindo, mas sei que é por você. Isso só torna tudo pior.

just what it means to me

Eu chego. Você está sentado, antes me observa atentamente, sorri e corre ao meu encontro. Conversamos e trocamos olhares enquanto o som do mar se confunde com nossas vozes. Você diz o quanto adora olhar para o mar e o quanto adora dividir isso com alguém, como estava fazendo no momento. Não consigo resistir aos seus olhos e ficamos juntos enquanto a música toca, completando mais um momento agradável em companhia sua.
Você sempre teve esse jeito agradável que aspira liberdade e observa tudo atentamente enquanto parece não se incomodar com nada. A rotina dos filmes e do vinho branco nunca foi sinônimo de (realmente) uma rotina, já que rotinas acabam desgastando e estressando. Isso porque sempre tivemos assunto, sempre tivemos algo muito forte que nunca se transcreveu em compromisso - o único compromisso que tínhamos era o de não levar tudo para o lado do namoro, já que isso só ia minar nossas noites para algo forçado. E você também sempre transmitiu essa incrível leveza. Mas hoje relembro o que aconteceu e vejo que de nenhum modo seria assim, forçado. Entendíamos as necessidades e angústias um do outro, e sempre criticávamos o caráter dominante e de propriedade que alguns relacionamentos acabavam, inexoravelmente, adquirindo.
Somos bastante parecidos, na verdade. Mas isso não era o que nos mantinha juntos, e sim uma série de motivos - talvez fosse um deles, mas nunca o principal. Sinto falta sua e você minha, mas talvez não seja possível reatar algo que terminou de um modo que nem eu nem você imaginavam que iria terminar - por uma briga, que expôs palavras desnecessárias e que nunca achávamos que iríamos trocar.
Você me entendeu perfeitamente. O deslize não foi de nenhum dos dois, foi algo que aconteceu por um fator que não tinha correção alguma. Você deve ter ficado bravo comigo, e talvez até com você mesmo por não conseguir reverter a situação (eu, ao menos, fiquei comigo mesmo, e muito), mas não havia nada a ser feito. Nunca teria a coragem de terminar isso, porque me fez tão bem e dividi muitos momentos que estão entre os melhores que já dividi com alguém - e isso nunca nada poderá apagar, nem conseguirei esquecer. Não queria, na verdade. Nem você.
Essa coisa de nunca colocarmos amarras no outro funcionou muito bem, porque ambos queriam, de verdade, isso. Mas o sentimento que foi criado durante nossa convivência foi forte e talvez demais para você levar com tal risco, o risco de os cenários mudarem e não haver mais como mantermos isso. E, infelizmente, o risco se provou verdadeiro e se transformou na gelada realidade.
Não foi fantasia, em nenhum momento, ou armação. Foi tudo tão verdadeiro e parecia que sempre respondíamos a pergunta do outro. O que eu procurava no momento, achei sob medida com você. É quase difícil de acreditar, e às vezes me vem a incógnita de se fui eu que deixei passar isso que nós tínhamos, como já tinha feito anteriormente em relacionamentos que tinham muito mais demandas e frustrações. Mas, continuando com nosso velho compromisso... 'não há com o que se preocupar, charming man'.

Citação: 8stops7 - Question Everything

it's all over

Acabou. Ou ao menos deveria ter acabado. O que aconteceu rumou para um fim que não foi planejado ou esperado, e talvez nem necessário.
O que nem tinha começado também agora está no ponto final, que eu não consigo, por mais incessante que sejam as tentativas, não consigo colocá-lo.
Mas é um basta que já deveria ter sido firmado há um bom tempo atrás. Sempre resistia em me render mas nunca foi preciso nenhuma ação minha para esse término, mesmo porque, nunca teve início.
Não sei o que fazer, dizer, escrever. Sempre tive o poder do término, e sempre acabei usando-o, por diversos motivos - geralmente acompanhados por medo, culpa e receio. Agora me arrependo de não ter virtualmente ninguém ao meu lado e me perco pensando em você, quando já não deveria mais estar perdendo tempo nisso - nisso que congelou um relacionamento e o levou ao fim, com uma pessoa que me deixava tão bem mas que já não tinha a prerrogativa de me manter meus pensamentos afastados.
E agora, o que fazer?

caminhando semidesperto ao longo do oceano cinzento

As lembranças se esvaiam junto com a intoxicante sensação de mal estar que ele carregava. Ali, andando na vazia faixa de areia enquanto as nuvens invadiam com intensidade o céu que agora há pouco estava próximo do azul anil. O mar se estendia para a imensidão do Oceano Atlântico, interrompido por uma indefesa ilha - a qual ele contornava com sua típica força e intensidade. Os detalhes estavam mais vivos, junto com as cores e as mudanças. O ponto de transição se aproximava de seu ápice e a instabilidade eram coisas relacionáveis e reais, e ele se sentia feliz e livre outra vez. Mesmo que não vendo uma resolução simples ou concreta para aquilo, estava se sentindo bem. Aquilo que faltava parecia estar chegando com uma magnitude que nunca havia observado antes. Todos os relacionamentos anteriores pareciam superficiais e ele agora se perguntava como conseguia acordar ao lado de pessoas por quem ele não sentia nada especial. A idéia agora causava repulsa, mas nada o estava atingindo - apenas a maresia, de um modo diferente e positivo. Sentia o vento baixando a temperatura em ascenção nesse fim de novembro, mês esse que anuncia, todos os anos, o verão mordaz e [sempre] surpreendente. O poder de algo real se alojou nele. E ele não queria que nunca mais o abandonasse.

Citação: E.M. Forster - Maurice (livro)

acidez platônica

Que coisa toda é essa? Que sensação insuportável, inodora e imaleável. A parte boa do sentimento se anula com a falta de perspectiva do mesmo, e a parte ruim é atenuada com o fim do semestre e o acúmulo de provas, trabalhos e irritações que ele trás junto. Tudo piora quando suas principais amizades se diluem (em falta de convivência ou em excesso da mesma) e seu potencial social cai por terra. Como um inescapável efeito dominó, tudo começa a parecer chato e tedioso, as paisagens vão corando no monocromático e seu pricipal alento passa a ser a bolha que envolve sua personalidade agora instável. Seu quarto vira prisão de solidão, seus hábitos se voltam para se afundar em ninguém além de si mesmo, e seu espírito antes marcante e idealista se ressalva na cansativa e repetitiva escrita da depressão. Você fica se perguntando como se enfiou em todo esse drama inventado e, mesmo ao perceber o caráter não intencional da situação, você se auto mutila com culpa e arrependimento. Deixa estresse e vícios tomarem conta e o fardo de se mover é inerente - regredir parece mais fácil. Está insuportável e se deixa minar por negativismo, mesmo que, por dentro, tenha aproveitado o pouco que seja da intensidade dessa porra indefinível. Todos parecem progredir em suas vidas pessoais e você parece estar parado, sem ter para onde correr, ou se esconder. Parou.
É, você precisa de alguém ao seu lado.
Alguém que goste de você, de quem você goste.
Alguém para dividir sentimentos mútuos.
Quer esse sentimento real e intenso se aplicando em um relacionamento também real.
Quando será que esse tal alguém vai me encontrar, me atingir?
Olho para o abismo do mar e não consigo achar resposta que me satisfaça...
...ou algo que me dê segurança.
Parece que estou imerso no meio de uma gigantesca mudança, só não acho nenhuma resolução para ela.

entre eu e você, 1

Começo de tarde. Sol alto, calor ao ponto do insuportável, praia chamando por meio de sua irresistível brisa marítma - e pelo cheiro inconfundível de protetor solar. Você me chama para um banho de mar enquanto coloca seu biquini azul com bolinhas brancas que contrastam perfeitamente com seus olhos azuis e sua pele em transição para algo próximo do bronzeado. Corremos em direção ao mar enquanto as ondas nos pegam sem nenhuma surpresa, com exceção do choque térmico que envolve nossos corpos e a sensação sempre garantida de alívio e ao mesmo tempo intensa que a água salgada trás. O vento parece não incomodar porque nada mais parece incomodar, afinal, está só nós dois e tudo parece conspirar para uma ótima tarde. E realmente foi, como sempre acaba sendo ao seu lado.
E aí que vem na memória todas aquelas noites em companhia sua, nesses últimos três anos.
Minhas estações começaram a ser marcadas não só pelo clima, mas por alguém.
Todas os abusos no álcool com você, todos os filmes idiotas e caricatos, todas as listas e todos os cafés - ah, e nossos pequenos rituais.

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Finalmente pude matar minhas saudades suas hoje. Sério, mesmo com nosso (pequeno, porém, ao menos para mim, risivelmente perceptível) afastamento, você continua sendo a que melhor me entende, e continuo te entendendo do começo ao fim. Continuamos com nossos modos diferentes e mudamos muito - na verdade, o que é mais latente é que mudamos de cenário, e, agora, estamos os dois em panos de fundo diferentes - mas nossa relação pareceu intocável e acho que a noção de nós dois juntos nunca vamos perder. Queria acordar amanhã ao seu lado, mas a rotina impediu esse desejo e a trilha inventada de hoje pôde reparar um pouco a falta que você me fez. E, só porque você manteve seu espírito nesses quase três anos que nós temos juntos, loira... te amo.

entre eu e você(s)

A noite se aproxima enquanto os quatro se aconchegam em uma praça do centro da cidade, com uma decente vista para a baía. O céu se apresenta, como de costume nessa época do ano, instável, e a presença de chuva irá se tornar realidade em alguns minutos. E a noite não é só o que se aproxima: as resoluções de fim de ano também, assim como os quatro, que estão mantendo por algumas horas uma conversa animada e fluente que eles não tinham por algum tempo. É estranho que, mesmo cada um deles estando em momentos e situações diferentes, e mesmo com uma convivência diária forçada pela escola de quase dois anos, eles se entendam, se conheçam, e, mais elementarmente, se identifiquem tão bem. A noite vai caindo e a garrafa de vinho se esvaindo, enquanto palavras soltas eram trocadas.
-

Talvez a superficialidade tenha mitigado a percepção de valor dos outros para algumas pessoas, mas é certo que sem relações humanas não há felicidade verdadeira. E na base das relações humanas está a amizade, cuja construção irá influir em toda e qualquer possibilidade de aprimoramento de relacionamentos. Me afasto rápido dos outros apesar de ter facilidade para me enturmar - enturmar, não aproximar. Meu maior conforto agora se volta para meus amigos, os verdadeiros, que realmente se preocupam e que, querendo ou não, realmente te conhecem. Pode parecer tudo meio permeado de clichê e falso sentimentalismo, como se fossem frases saídas de algum filme adolescente dos anos 80, mas ainda assim confio no poder de um abraço quando não sei como resolver as coisas, quando não sei nem por onde começar.
O que quer que escreva, sei que [meus] amigos verdadeiros sabem o significado que quero pesar por aqui. Chego a me irritar as vezes pelo nível de conhecimento que algumas pessoas adquiriram de mim, e é inevitável que as discrepâncias de personalidade levem ao aborrecimento, mas ainda assim... não há comparação ao lado positivo. É nessas horas que me pergunto como posso me sentir terrivelmente sozinho às vezes, e vejo que é pura bobagem, que não tem muito fundamento, mas uma verdade meio assustadora por trás. Que seja.

love you guys.

keep your love locked down, you lose

A promiscuidade não funcionou bem para mim - quem sabe por falta de ceticismo e sordidez. Quer dizer, por um tempo até que funcionou, mas isso não significa que funcionou bem, de qualquer forma. Depois de tanto tempo ignorando sentimentos me sinto com pouca vontade e extremamente irritado. Quero sair disso e mudar de cenário, algo não possível nesse momento. Mas não adianta se estender nas linhas de depressão, que já não representam nem mais uma terapia... e sim pura e simples auto-mutilação - e não vale mais a pena. Prefiro refletir sobre o que posso melhorar e fazer corretamente daqui para frente do que remoer o passado, mas não é como se eu estivesse escolhendo. E eu queria ter escolhas verossímeis.

I'm in love with you, but the vibe is wrong
and that haunted me, all the way home
(...) see I wanna move, but can't escape from you
so I keep it low, keep a secret code...
so everybody else don't have to know.

keep your love locked down, your love locked down
keepin' your love locked down, your love locked down
now keep your love locked down... you lose, you lose.

Kanye West - Love Lockdown

enjoy the silence

sentimentos são intensos; palavras são triviais
elas são sem sentido e esquecíveis

O som do mar agitado lutando contra imóveis pedras; o som de árvores cuja mobilidade se perpetua pelo insistente vento; o som de um bando de pássaros inundando o instável céu de novembro. Em contraponto ao som que palavras fazem, esses ruídos parecem infinitamente mais bonitos e, na verdade, sem a menor controvérsia, realmente são.
Algumas vezes palavras são temivelmente necessárias, mas, em boa parte do tal "tempo", elas são perfeitamente dispensáveis. As vezes elas servem com o único propósito de machucar, e, quando são ditas sem qualquer propósito, elas invariavelmente machucam - ou ao menos irritam. O problema é que elas escondem o tão proveitoso silêncio, avançando com um superficial andar sobre ele. Não que o silêncio, em seu mais puro significado, seja possível sem aparatos modernos, mas quando nos silenciamos por certo tempo percebemos melhor a elementariedade e o valor do que nos rodeia. Conseguimos refletir com melhor sonoridade e acabamos que por refinando nosso vocabulário, fazendo melhor escolha de palavras ao falar. Em nossas relações pessoais, o uso abusivo de palavras acaba que por desgastando o sentido de estar ao lado de outra pessoa. Acaba destruindo o prazer de sentar na beira do mar ou no topo de uma montanha ao lado de alguém e experimentar a mistura de frio e rugido que o vento traz e o alento proporcionado pela outra pessoa. Acaba que deturpando o sentimento, por que palavras simplesmente complicam as coisas.
Não é tão difícil achar verdade naquele velho ditado; "uma ação vale mais que mil palavras". Elas podem soar bonito de tempo em tempo, mas moderação é prescrita.

Citações: Depeche Mode - Enjoy the Silence
(aliás, a idéia do texto veio da música)

life is a dream

you say life is a dream where we can't say what we mean
maybe just some roadside scene that we're driving past
there's no telling where we'll be in a day or in a week
and there's no promises of peace or of happiness
well is this why you cling to every little thing
and polverize and derrange all your senses

maybe life is a song but you're scared to sing along
until the very ending
it's time to let go of everything we used to know
ideas that strengthen who we've been
it's time to cut ties that won't ever free our minds
from the chains and shackles that they're in

we built our houses of cards
and then we waited for it to fall
always forget how strange it is just to be alive at all...

Patrick Park - Life is a song

as ondas

Não importa o quão mal estou, há coisas que sempre irão me ajudar. Ao observar as ondas quebrando na areia ou os movimentos que a árvore faz ao acompanhar o vento, em cima de uma bicicleta, vejo o quão superficial são minhas preocupações em relação ao mundo. Em relação ao quanto ainda tenho que ver e vivenciar. A grande gama de coisas que o mundo podem me oferecer depende de o quão disposto estou para abandonar o medo e prosseguir. O número de pessoas que ainda tenho de conhecer e o número de amizades que tenho para prolongar. Não é preciso tanto drama, até porque em parte ele nem é verdadeiro. Fui iludido pelas minhas próprias falsas expectativas mas prefiro me sentir mal a não sentir nada, talvez.
O que se passou se passou e agora é importante seguir em frente, sem deixar o passado me bifurcar para um buraco de isolamento. Haverá sempre o amanhã, haverá sempre o sol nascendo e as nuvens que o cobrem eventualmente o deixam brilhar e fogem de sua força. Quero que esse espírito renovador tome conta de mim de novo e espante o que quer de ruim que esteja sentindo agora... até porque sei que, em algum momento, irá espantar, como já o fizera antes.

how long can you miss someone?

Me pergunto até quando isso durará. Criei um compromisso de não ficar mal por qualquer coisa que fosse acontecer em relação ao sentimento que criei, mas o compromisso se mostrou falso ao não conseguir mantê-lo. Agora estou irritado com minha rotina e com minhas atitudes em relação à outras pessoas, e não vejo meios viáveis de consertar relações que mantive tão bem por certo tempo. Me sinto perdido e sem nada em que me apoiar, já que minhas amizades mais fortes foram enfraquecidas. Queria poder parar elas em certos momentos para que elas continuassem tão fortes e próximas como eram, mas é um pedido impossível e até meio hipócrita de se fazer, porque eu fui um dos motivos centrais que as enfraqueceram.
Quero coisas novas mas ao mesmo tempo não quero me desligar do que me fez tão bem. Estou em terreno instável que eu mesmo desnivelei. É incrível como demoro para me aproximar de alguém e como sou rápido em me afastar. Não quero mais tanto peso em minhas costas, mesmo sabendo que toda a culpa não é minha...

Citação: Blood Red Shoes - Say Something, Say Anything

dogma do mesmo/oposto

Acho um tremendo desperdício quando as pessoas se auto limitam. Quando criam uma idéia pré-concebida tão forte sobre algo que não as deixa experimentar, as vezes, essa idéia nem as deixa pensar e refletir sobre algo que não esteja ao seu imediato alcance ou entendimento. O quebra-cabeça que perdura na mente acaba sendo esquecido com a justificação do desconhecimento, ou seja, a ignorância induzida. E isso se estende à todos; criamos em diversas ocasiões essas opiniões não mutáveis sobre algo, independente do nosso nível de intelectualidade ou qualquer outra coisa. Alguns, claro, criam mais pré-concepções do que outros. Temos medo do que nos é desconhecido, e o que nos é desconhecido pode levar ao preconceito. E preconceito é medo do desconhecido, simple as that.
A sexualidade humana é um desses quebra-cabeças que perdura pela nossa existência. Alguns deixam sua sexualidade ser oprimida pelo convencional e prático, que já estava predestinado para acontecer - casar-se com alguém do sexo oposto, tendo três parceiros sexuais (também do sexo oposto) no máximo ao longo da vida, deixar esse legado conservador para os filhos. Alguns acabam se identificando como homossexuais, firmando relações com pessoas do mesmo sexo e exclusivamente do mesmo sexo, alguns chegam até a levantar bandeiras de orgulho, exclamando pela rua sua orientação sexual, o que não há nenhum problema. Mas, de novo, leva a limitação. Não acredito em exclusividade; acho que a sexualidade e a atração em si - não só sexual - está envolta em um dogma que está se convertendo do relacionamento homem-mulher para o homem-mulher mais casais do mesmo sexo. E ponto final. Ou seja; ou você é heterossexual, ou você é homossexual. E alguns incorporam esses rótulos com efêmera excitação. É um inexorável fato que você, se identificando (ou não) como hetero ou homo, irá sentir atração pelos dois sexos. Porque não é uma questão de ser homem ou mulher. É uma questão de sentir atração. É absolutamente real também que existem tendências e tal indivíduo pode se sentir mais atraído por tal sexo, mas, não se deixe cair na armadilha do rótulo. E esses rótulos não vem apenas da nossa cultura consumista, e sim de todo um desejo humano de se sentir parte de algo; traz satisfação dizer que se é algo, de facto, quando ser esse "algo" traz toda uma implicação social.
Acredito que a tendência à se sentir atraído por um sexo é uma característica pessoal, não o resultado do ambiente em que a pessoa viveu ou qualquer outra bobagem do gênero. É como ter olhos castanhos ou azuis; você os tem e pronto. É claro que ao longo dos anos eles podem mudar um pouco de tonalidade, mas totalmente eles nunca irão se alterar.

aquele velho sentido

Não havia como ter garantias, pensou ele, ao atravessar quase intransponíveis poças naquela movimentada rua, em um fim de tarde chuvoso de sexta. Estava repensando a inexorável e inevitável mudança pela qual passara nos últimos meses, respaldada de incertezas e experimentações. Agora se perdia na dúvida da maturidade, se perguntando se então era verdade quando os escritores franceses proclamavam que as cores iam perdendo seu gradiente com o progresso da idade. Se sentia pesado e que havia cometido erros, mas ainda assim não tinha arrependimentos. Entrou em uma cafeteria também para fugir da chuva, porém mais para pegar um café expresso forte e um maço de cigarros, abandonando o abandono à nicotina. Queria ficar sozinho mas precisava de alguém ao seu lado, e quem estava ao seu lado já não lhe trazia aquele velho sentido que tanto procuramos para continuar com um sorriso estampado no rosto. Ele não estava procurando uma determinante pessimista, porém era só em que seus pensamentos resultavam. Precisava de um tempo, de um novo cenário, de frio, de outros caminhos. Estava tudo meio limitado mesmo com os múltiplos caminhos que sua vida pessoal - razão principal de sua angústia atual - poderia tomar dali pra frente. A segurança se fora, e agora procurava, no fundo de um copo de café, alguma resposta, enquanto dois senhores ao seu lado discutiam política com fervorosas e contrastantes opiniões - fervor, contraste, extremismo; uma forte correnteza que o guiasse era o que ele precisava... e enquanto aquela chuva amainava e o incerto tempo ia se abrindo, percebeu que o que precisava era realmente se deixar levar, sem cair em demasiada preocupação sobre coisas na qual ele não possuía exato controle. Já a garantia... bom, do que adianta ter uma garantia quando ela invariavelmente acompanha estagnação? Enquanto se perdia em suas usuais e atualmente intensas demais (intensas ao ponto do isolamento) reflexões, as pessoas iam passando, cada uma delas progredindo em sua história. O forte café já tinha acabado e o segundo cigarro também, agora caído no chão e se apagando aos poucos com cada pingo de chuva que ia mitigando sua brasa.

quem fodeu?

who fucked up what we had?
and what we had was so nicely wrapped up
wrapped up in stuff only we could understand
and who would imagine
that it would end up so abruptly like this
don't blame the other guy
because there's only two persons to blame
or maybe just me...
but anyhow... keep in mind that you're still my surfin' bird.
I used to love what you did to my lips,
every time we saw each other
what you became so used to do
and what I became so used to receive from you
what you did to my bones,
what you did to my humor...
be sure... I'll always remember a moment with you,
in the middle of a lot of great ones,
and instantly my mouth will dwell on a smile

I want to talk to you about everything again
I want to share more wine and more nights
and more mornings on the bed
but... I just can't anymore.
and, as it seems now, neither can you.

(eu fiz esse despreocupado e largado post
como um tributo ao que tivemos,
que também era desse modo)

in love with a feeling

Se foram as semanas, se foram as idas até o terminal, se foram as tardes cheias de expectativas - e a expectativa no geral se foi junto. Mas o encanto ficou; na verdade, ele parece estar em um ascenção desde que ele invadiu. A instabilidade que resultou em intensa bipolaridade parece estar indo embora, mesmo que aos poucos. Algumas coisas ficaram mais claras mas ainda estou muito confuso e perdido, ainda que as paranóias se amainaram. Concordo que estou apaixonado por alguém, mas talvez esteja ainda mais apaixonado pela sensação de estar apaixonado - sensação de querer, de ansiar, de sentir ciúmes, de ficar bobo. Ameaça meu egocentrismo o que vou escrever, mas preciso de alguém ao meu lado. Ao meu lado para confessar, para rir, para dormir junto, para cair no mar, e até para eventualmente brigar. O que eu tinha que, pensando bem, era um pouco próximo disso, acabou por diversas razões, razões essas que nem decifrei por completo ainda, ou analisei direito a culpa.
Vejo agora o quão absurdo - e até, por um lado, imaturo - foi construir todos meus relacionamentos com o expoente da casualidade, o que sempre os minou de limitações. Não sei quase nada de namoros, o que sei são ínfimos detalhes, e o maior relacionamento que posso decididamente chamar de namoro durou menos que três meses (ótimos meses, diga-se de passagem) - e, é, relacionamentos fixos são anos luz diferentes de um namoro. Vendo pelo lado positivo, porém, foi legal conhecer tanta gente nova, descobrindo tantas coisas novas e curtindo tanto; de certa forma entendi o que precisava para minha idade, e o que precisava não era algo sério que não fosse conseguir corresponder ou me manter por falta de maturidade ou mesmo por não ser o momento certo. Mas me pergunto quando finalmente vou conseguir engatar algo com alguém (não que eu acredite naquelas comédias românticas absurdas com um "lindo" final). Pode ser meio cedo para eu me fazer essa pergunta, mas me sinto, em um estado prolongado, bastante carente, já não convivendo tão bem com minha induzida solidão. Essa situação me fez ver diversos outros panoramas que nunca tinha ou me interessado ou sequer sabia da existência, o que é bastante benéfico.
Queria conseguir pronunciar, em alto e bom som, que estou apaixonado e por quem estou. Porém é intrínseco da minha vulnerabilidade não deixar - mas o extremismo as vezes é tão delicioso...
Espero que tudo volte à como era antes e que a amizade se preserve, como parece que vai acontecer, é só uma questão de tempo. E é só porque estar com você é tão bom para mim, meu humor muda com uma austeridade incrível. Não estou esperando por você, mas caso você queira vir... pois é.

Citação: Babyshambles - In love with a feeling

fuga

Ele continuou correndo. Correndo pelas sujas ruas do centro, enquanto as dúbias luzes da cidade iam o chocando contra insolvíveis dúvidas. Estava tudo meio nebuloso e tudo parecia meio pesado demais para ele aguentar. O aroma típico de fumaça fazia ele entrar em um estado nostálgico e depressivo, e as cores estavam limitadas ao monocromático tom do preto de branco. O caminho já não era mais concreto, e as pessoas já não eram tão perceptíveis. O senso de controle se esvaia enquanto suas pernas começavam a doer. Ele parou. Parou e olhou para o abismo que se estendia ao fim da avenida. Perdia o interesse pelas velhas e repetitivas conversas, pela mesmice da rotina que impregnou. Não queria voltar pra casa, ou para qualquer lugar. Não sabia mais o que queria, não tinha mais certeza de nada na verdade. Tudo parecia tão afastado e o sentido do resto estava acabando. Precisava sentir algo real, e a adrenalina da fuga já não era suficiente. Não era sua intenção essa sensação de perda, solidão e irritação; porém era inevitável... ele queria era se despedir de tudo, estava com vontade de algo que não sabia ao certo se existia. Porém, ao perceber, pelo fim da mesma triste avenida, a ponta do que se extendia o infinito escuro mar, viu que sempre haveria uma saída. Só o restava achá-la.

se eu apenas pudesse fazer um acordo com deus...

...e fazer ele trocar nossos lugares.

É muita idealização, quem sabe. E nem costumo a idealizar as coisas, muito pelo contrário. Estou, em uma madrugada solitária, meio bêbado e pensando no que mais pensei nas últimas semanas; em uma única pessoa. Isso não deveria acontecer e essa única pessoa mudou tanta coisa e fez alguns relacionamentos serem desfeitos e me fez me distanciar de basicamente todos. Me fez perceber muitos aspectos defeituosos sobre mim mesmo e muitos caminhos errados que tomei em relações passadas - caminhos esses que não consegui tomar pelo rumo correto nesse pseudo relacionamento. Chorei por alguém. Porquê? Não, novamente é outro caminho incorreto. Não escolhi, porém, dessa vez. Não planejei, não controlei, não analisei corretamente. Segui as pistas erradas, e agora estou em um beco aparentemente sem saída. Estou insuportável com todos ao meu redor e extremamente instável, mas firmo compromisso de não tentar me desviar dessa pessoa por coisas que no fim não irão me adicionar nada de agradável.
Estou perdidamente apaixonado, e perdido talvez seja ainda mais correto que apaixonado. Não sei o que fazer, não sei como agir, não sei como me portar. Quero ainda sua amizade, mesmo que tenha que transpassar a tristeza de ouvir você falando de outra pessoa. Gosto - não, na verdade, adoro - estar perto de você, e não quero trair isso por uma idealização errônea minha de uma relação com você, coisa que muito, muito provavelmente nunca irá acontecer por qualquer motivo que não sei (mas ao menos queria saber, para decidir algumas coisas). Não tenho previsão de quando vou ter algo real novamente, e isso me assusta. Mas... chega de drama.

Citação: Placebo - Running up that Hill

arredores

Uma praia, um caderno e caneta. Um sofá, luz baixa e alguém. Uma bicicleta, música e sol aberto. Uma boa paixão, pequenos gestos e conversas. Um amigo, um banco e confissões. Um familiar, um copo de café e nostalgia. Um livro, fria madrugada e conhecimento. Uma novidade, complicações e mudança.
Muitas reclamações perdem seu sentido quando percebo a quantidade de motivos e pessoas que me dão suporte. Na verdade, o sentido se esvai ainda mais quando as possibilidades ao nosso redor vão se tornando mais evidentes e ao mesmo tempo mais infinitas. Decisões confundem, alguns te trazem ainda mais incerteza, mas ainda assim sempre resta uma inexorável expoente: recomeçar. Muitos dizem que é impossível recomeçar sempre, mas isso é uma grande mentira, porque ela requer poucas coisas, já que um recomeço pode significar diversas coisas; pode ser um novo relacionamento, uma nova cidade, um novo estado de espírito. Requer algumas vezes força e coragem, às vezes devido a própria falta desses dois recomeçamos. Sentimentos pesados trazem leveza pela nova significância que eles dão a pequenas coisas e como podem anular a superficialidade. Não é possível mudar e recomeçar tudo, temos nossa própria elementariedade que nunca vai se alterar, porém podemos moldar novos sentidos e caminhos com o livre arbítrio que acompanha silenciosamente o ser - digo silenciosamente porque raramente percebemos essa liberdade que nos permeia, e percebê-la em sua integralidade pode ser perturbador. Mas, ainda assim, é importante que tenhamos o senso crítico necessário para não vivermos amordaçados ou amargurados, já que, olhando para o horizonte infindável do mar azul em um claro dia de primavera, achamos o necessário para todo o resto.
Ou tudo pode ser pura bobagem idealista e na verdade a constante pressão e adversidade na qual nossa vida é prensada transformou-a em uma limitação insuportável. Mas nunca acreditaria nisso.

you're so young, so sweet and so surprised

Não sei mais o que pensar porque já não tenho mais o mínimo controle do que se passa pela minha mente. Muitos sentimentos e pensamentos conflituosos vão e voltam por ela; não consigo decidir qual torrente de idéias seguir. Talvez seja muita ambição querer algo concreto sem dúvida ou confusão, porém eu queria isso. Não estou muito confuso, sei do que quero, só não sei se realmente vale a pena querer. No fundo sei que vale, porque é algo real, e sentimentos dessa magnitude - magnitude tal que mudou todo meu panorama pessoal - não deveriam simplesmente ser evitados porque depois muito provavelmente vão machucar um pouco. Evitar aumenta o machucado, não o evita, tive várias provas disso. Até porque é legal ficar pendendo dessa maneira, é interessante explorar as possibilidades e complexidades de nós mesmos. Alguma coisa acontece dentro de mim, chame você de reação química ou princípio de hipertensão, que me faz mudar completamente de humor, numa questão de alguns minutos falando sobre qualquer coisa idiota com você e se deixando levar pela sua estratégia de criança do primário. Não sei o porquê, vai ver é seu aroma, ou sua inquietação, ou esse incipiente modo que não aceita críticas - não que isso me atraia, mas não acho muitos motivos. Mentira, acho muitos motivos, muitos, principalmente quando estou com você. Mas não é possível isso ter acontecido comigo tão rapidamente e... com alguém tão diferente. Quero te conhecer, ficar perto, ter algo real... me esqueceria do controle e do resto de minhas infundadas paranóias em um relacionamento com você, e na verdade nem seria tão difícil.
Não quero aceitar tudo isso porque não sei administrar sentimentos, não sei lidar com eles, não sei aplicá-los na vida real. Nem em palavras sei ao certo porque é difícil admitir certas coisas que deixam meu chão desnivelado. Mas não é possível recusar, talvez nem queira. Estou gostando disso, mas estou em iminência de sofrer uma grande queda caso você insista em continuar na bolha de sua limitada vida pessoal, o que é bem possível. Pode acontecer, pode não acontecer... mas, independente da forma que tomar essa indefinida pseudo relação, nas últimas semanas muito mudou, e continua a mudar. Muito.

for sure, l.

Citação: Interpol - Rest my Chemistry

...surfer,

do I have to keep up the pace...
to keep you satisfied?

things have gotten closer to the sun
and I've done things in small doses
so don't think that I'm pushing you away
when you're the one that I've kept closest...

The xx - Crystalised

não entendi suas demandas,
também finalmente sinto algo real e... você não está mais no meio disso.
(infelizmente ou não)

chegue perto, minha resistência está baixa

Foi uma questão de minutos em uma fila com você no meio de um intenso e grosseiro fluxo de pessoas para eu ir de chutar paredes à observar a beleza de um fim de tarde.
Tem algo no seu sorriso... algo no modo que você me analisa com curiosos olhos castanhos... no modo como algo que me deixa bobo como um velho cachorro recebendo atenção. Me conforta quando você transparece algo mais do que essa impenetrável personalidade que sempre parece querer o controle de tudo e o poder em mãos, e isso em relação também as pessoas ao seu redor. Hoje transpareceu, e afetou o resto do meu dia - ainda está afetando na verdade. Na realidade, se sua infantil mente já percebeu, você realmente tem algum poder, ao menos sobre mim. E ao mesmo tempo que odeio esse poder que você vem exercendo indiretamente (ou não) sobre mim, também gosto... me deixou, na verdade, com baixa resistência. Baixíssima.
Quero passar tempo com você, conhecer você de perto, fazer você descobrir algo além de sua redoma. Você quer, eu sei, percebo. Pode ignorar o que eu falo, pode apenas levar em conta seus interesses porque, bom, você se acha tão esperto. Mas aviso que é inevitável em algum momento.

Citação: Dirty Pretty Things - Come Closer