fuga

Ele continuou correndo. Correndo pelas sujas ruas do centro, enquanto as dúbias luzes da cidade iam o chocando contra insolvíveis dúvidas. Estava tudo meio nebuloso e tudo parecia meio pesado demais para ele aguentar. O aroma típico de fumaça fazia ele entrar em um estado nostálgico e depressivo, e as cores estavam limitadas ao monocromático tom do preto de branco. O caminho já não era mais concreto, e as pessoas já não eram tão perceptíveis. O senso de controle se esvaia enquanto suas pernas começavam a doer. Ele parou. Parou e olhou para o abismo que se estendia ao fim da avenida. Perdia o interesse pelas velhas e repetitivas conversas, pela mesmice da rotina que impregnou. Não queria voltar pra casa, ou para qualquer lugar. Não sabia mais o que queria, não tinha mais certeza de nada na verdade. Tudo parecia tão afastado e o sentido do resto estava acabando. Precisava sentir algo real, e a adrenalina da fuga já não era suficiente. Não era sua intenção essa sensação de perda, solidão e irritação; porém era inevitável... ele queria era se despedir de tudo, estava com vontade de algo que não sabia ao certo se existia. Porém, ao perceber, pelo fim da mesma triste avenida, a ponta do que se extendia o infinito escuro mar, viu que sempre haveria uma saída. Só o restava achá-la.

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