a million miles with one step

Minha penúltima escrita aqui retratou uma sensação agradável e ao mesmo tempo confusa que vem acompanhando meu verão, e faço dessa próxima uma segunda parte da mesma. Os últimos dias me mantiveram ocupado com momentos memoráveis e com a afluência de novas pessoas. Pessoas essas com quem nunca imaginaria dividir momentos tão gostosos e divertidos - pessoas das quais há menos de um mês nem sabia da existência. Para alguns talvez isso não pareça tão absurdo ou estranho, mas, para mim, parece. Isso deflagra uma retração emocional há tempos desempenhada com resultados mistos por mim, mas que agora parece ter efeito negativo e não valer a pena como um ideal - ao menos não ao ponto de sacrificar outras coisas.
Me sinto muito bem, como não me sentia há um bom tempo. Estou aproveitando melhor aqueles que me rodeiam. Estou aproveitando melhor o que me rodeia, onde conheci nessas últimas semanas pessoas tão incríveis e que transcreveram positivamente toda essa mudança pela qual venho passando. Está tudo bem, e é assim que deve continuar.

Citação: Robbie Williams - Revolution

menina (...)

(...) mais uma vez desprotegido. Não vou fingir paixão onde não tem - como realmente não há, aqui - porém estou, como já tinha deixado implícito no texto anterior, encantado com alguém. E esse alguém me encantou aos poucos, como tem de ser: ao conhecer, ao conviver de pouco em pouco, me deixou meio balançado. Me pego pensando e tentando marcar alguma coisa, mesmo que resulte ou em desistência para não querer parecer desesperado, ou em outro desencontro. Sinto isso resultado de um processo de amadurecimento que foi fortificado nesse estranhíssimo ano passado, porque, bom, comparando verões e verões, esse está sendo consideravelmente mais sossegado em certos pontos.
E, mais uma vez, como resultado de um processo, isso é contrário há certos ideais meus, mas me força a criar novos que podem até ser melhores - substituir os agora retrógrados "velhos" (tomo cuidado em usar a palavra velho por que não acho que tenha idade para usar com freqüência essa palavra). Estou gostando mais das pessoas, apreciando mais certos aspectos. Isso me permite uma menor irritação com coisas pequenas e estúpidas. Na verdade estou feliz por sentimentos leves que sei que não irão trazer complicações ruins - como as que outros sentimentos me trouxeram. Estou muito bem assim. Mas sei que não há um botão "pausa" (na verdade, parece haver um que acelera, e do qual eu não consigo tirar o dedo) e sei que ainda dá pra melhorar. Quem sabe com ela não seria ainda melhor?

Espero que não seja um texto hipócrita.
Mas foi sincero, na medida do possível.

e lá vai o medo

Exatamente no meio. Bem no cerne, rodeado por um fluxo constante porém sem equilíbrio de acontecimentos. Várias questões novas e velhas se chocam trazendo verdades que foram há tanto procuradas - mas ainda assim as perguntas ficam com respostas ambíguas e tortas. Tudo começa a se misturar, enquanto a idéia de um novo ano finalmente é atenuada com o aporte de novas pessoas, novos gostos, novos lugares e novas metas. As férias fazem da rotina tão bem trabalhada e treinada - até o cansaço - ser dissecada pela liberdade confusa do tempo livre (finalmente, tempo livre!). Está muito quente para profundas reflexões, a única saída razoável parece ser se refrescar no mar. Os verões definitivamente não são minha estação favorita (na verdade, sou um amante do frio), porém há algo inegável que permeia essa época do ano: o verão é um tempo liberal onde comumente passamos mais tempo na rua e temos mais tempo livre, até chegar as amorfas e desinteressantes aulas do ensino médio desafiando nosso senso comum. O verão é típico de uma positiva promiscuidade (não exatamente no sentido sexual), e somos tomados imperceptivelmente por esse festival caótico.
Parece asfixiante esse fluxo inacabável de mudanças, mas na verdade ele, na medida certa, é necessário e deixa uma boa premissa para o resto de outro incerto ano, onde começarei, com força, a ser encaminhado para a vida adulta. Estou ansioso para descobrir o que o resto dessas férias reservam. A volta as aulas se aproximam com velocidade de leopardo e não há como colocar um freio nisso, só como cuidar para não perder um segundo sequer. E estou tomando o máximo de cuidado para isso.

Citação: Doves - There Goes the Fear

o fantasma

Acho incrível sua capacidade de (re)aparecer no momento em que eu estou mais confiante na balela de que tudo passou e eu já ultrapassei você e sua doentia tentativa de relacionamento. Você vem acreditando piamente que ainda me têm de alguma forma - como um fiel estepe, como se fosse estar sempre ali quando você briga com seu namorado. Você joga em mim os velhos truques que conseguiram me amarrar por certo tempo - na verdade, me amarraram e me machucaram - e com aquela velha conversa que hoje soa tão insuportável e pior, soa tão falsa.
E... quer saber? Não cola mais. Nem é o suficiente para me segurar, por um segundo a mais que seja. Entendi qual é a sua, e não gostei nem um pouco. As vezes me pergunto como consegui gostar de você, com essa paixão que nada mais passa de perversa necessidade de possuir. Você diz que me entende. Que ainda gosta de mim. Sei que o primeiro não é verdade, porque, se você realmente me entendesse, não ia me perder dessa forma tão dissimulada. Se ainda gosta de mim, não me importo mais, porque não quero ter mais nada a ver com você e suas doentias tentativas de ter um relacionamento.
Cansei de você. Não quero mais. E não aceito, em nenhuma circunstância.

it's getting hard to keep pretending I'm worth your time

Retornei a mesma posição anterior - onde estou no meio de diversos relacionamentos paralelos cuja dissolução é inevitável porém não consigo encontrar qualquer resolução apropriada. Apesar de estar na mesma situação, meu estado de espírito (ou cenário, seja lá o que você queira chamar) são consideravelmente diferentes - resultado de maturidade adquirida. Daqui há algumas horas irei te reencontrar, apenas para dizer um tchau que vai se estender por meses e meses - afinal, você irá para fora do país, alimentando sua ânsia de novas culturas. O que vai ser excelente para você.
Para ser franco, cansei de fingir para os outros que me importo, ou cansei de sentir que os outros acham que sou insensível ou impenetrável. Não é mais possível trair meus próprios ideais por um relacionamento, ao mesmo tempo que preciso tremendamente de um sério. Não estou penando para ter um, mas também não estou mais confortável com essa situação que tanto busquei e consolidei para mim mesmo - quase ao ponto de virar um hábito, e qualquer hábito é danoso pela característica de ser vicioso.
Vou sentir muito sua falta. Talvez porque você seja o mais próximo que eu cheguei de um relacionamento verdadeiro.

Citação: Yeasayer - Madder Red

o velho ímpeto de sentir

Acho estranho ter lembranças fortes só por ver uma foto, ou por estar em certo lugar, ou sentindo a textura de algo, ou ouvindo certa música ou até mesmo um ruído. Ainda mais quando não é apenas uma, é um turbilhão incomensurável de memórias. Memórias de sentimentos que se transformaram em fantasmas do passado por não terem tido uma resolução adequada em seu término. É inevitável pensar em como seria diferente se algumas ações minhas tivessem sido diferentes. Mas também foi inevitável o que aconteceu. Talvez uma questão de maturidade ou de minha própria personalidade conservadora, se algumas eu não tivesse colocado um ponto final, poderia ter resultado em algo pior (ou talvez essa motivação seja só resultado de covardia), e as lembranças boas seriam dissolvidas em uma mágoa mútua que só tenderia a crescer.
Não é necessariamente um consolo que a maioria dessas lembranças sejam na verdade boas, porque isso me deixa pensando que eu posso ter evitado mais lembranças boas a serem criadas. Resulta em um subterfúgio para que eu continue essa mania egocêntrica de me isolar em minha própria bolha - algo que venho trabalhando para abandonar.
Originalmente, essa postagem foi concebida dentro do mar, enquanto mergulhava embaixo de uma formação de nuvens depois de mais um dia quente e abafado do castigante e cansativo verão. Estava escurecendo, o dia tinha sido mais outro excelente dia na praia com amigos, e meus hábitos de verão estavam me fazendo esquecer de todo e qualquer drama do ano que acabava de passar. E isso é algo consolidado, felizmente: o drama havia passado. Claro que outros irão surgir durante o ano, mas, os que passaram, definitivamente me prepararam para novos.
Confesso que as lembranças de quem lembrei são muito boas. Foi aproximadamente na metade do verão que nós acabamos juntos, em outra noite quente e agitada de verão, na praia. Foi tão gostoso e acabamos vendo o nascer do sol dentro do mar, sentados na beirada da areia. Essa cena iria se repetir diversas vezes durante nossos meses juntos, assim como as cenas no campo de futebol. Lembro com completa visibilidade de nosso tempo juntos, e, após o término, me perguntei até cansar porque eu terminei com você. Consegui ilustrar o motivo, porém ainda me pergunto se foi um motivo tão forte para terminar. Quer seja ou não, o que sucedeu isso também me proveu boas lembranças. E disso não tenho nenhuma dúvida ou perguntas para me fazer.
E, quero que você lembre-se sempre que pensei, primeiramente em você. Se tivesse pensado só em mim, teria deixado que isso se estendesse até tudo se deteriorar. Mas não o quis - depois de horas e horas a fio pensando na melhor forma de agir com precaução. E, depois de tudo isso, e depois de reler o que acabei de escrever, me sinto tão bem por ter tido algo tão especial com alguém ainda mais - e fico em espera por ter isso de novo, porque simplesmente não consigo mais suportar a volatilidade dos outros.

texto adolescente de devoção estúpida

As vezes me deparo com algo que me choca profundamente: o quão extensa é minha futilidade. Mesmo isso sendo uma recorrente característica de minha geração, ainda assim, me vem uma necessidade emergencial de querer alguma elementariedade para minha existência. Sei que a leitura de bons livros vão me afastar disso e sei que, dentre tantos, não sou o mais fútil, mas, ainda assim... os desejos consumistas, as posições mimadas, as atitudes impulsivas. O problema de pensar muito nisso é que é algo que acaba levando a pessoa a virar pretensiosa, o que é algo irritante para os outros ao redor.
Vai ver preciso é voltar à rotina, que me imponham de novo a precariedade do sistema educacional. Ou preciso de mais conversas na praia ou na varanda com meus amigos. Vai ver é por isso que muitos acabam na igreja, mas, ainda assim, acho que religião demais é ignorância e resultado de personalidade fraca e submissa - mas isso já é outro tópico.
Vai ver preciso de um pouco de sono. Ou ouvir mais os conselhos de meus pais. Ou, talvez... me apaixonar, de um modo saudável.

Citação: The Lucksmiths - Adolescent Song of Mindless Devotion

mude seus modos enquanto se é jovem

Ultimamente ando me pegando com freqüência pensando no que o futuro reserva para mim. Ando pesquisando por toda a internet (o que significa, em uma extensão posterior, por todo o mundo) e reunindo informações sobre universidades e carreiras com as quais eu poderia entrar e seguir, respectivamente. Devido ao fato de que estou me encaminhando para os últimos anos de minha adolescência - significando que estou indo para o mundo real de responsabilidades e escolhas difíceis - me encontro mergulhado em um mar de confusão e percebo que tenho que enfrentar algumas possibilidades, e, com maior importância, tenho que me preparar para que possa seguir um rumo que, em um futuro não tão absurdamente longe (e é essa distância que a cada dia se encurta mais e mais), me garanta bons padrões de vida - e com padrão de vida eu não quero me referir apenas ao dinheiro, mas também dinheiro, claro. E é difícil - especialmente difícil quando você percebe que está saindo do terreno onde seus pais te circundaram nos últimos dezesseis anos, terreno onde tudo chegou a você basicamente sem nenhum esforço, e que, felizmente, veio acompanhado de uma boa educação. Bom, esse terreno se tornou familiar e, como tudo que é familiar, é um terreno difícil de abrir mão. Porém necessário, pois, é necessário abandonar tal terreno para que se obtenha uma verdadeira formação e bagagem, tanto culturais como humanas.
Enquanto tento sanar e acalmar minhas prerrogativas sobre o futuro, tenho que achar tempo para me preocupar com o presente - e aqui é que o espírito jovem mais se faz presente - onde tenho que manter uma saudável vida pessoal (quer dizer, não sou uma máquina, sou um humano no meio de uma revolução de hormônios). Bom, estou tentando atingir um bom equilíbrio entre essas duas coisas - sendo a primeira delas uma crescente preocupação - mas, com a instabilidade que acompanha todo e qualquer adolescente nesse mundo, vou seguindo debatendo-me. Mas venho me sentindo bem ultimamente, como se estivesse imerso em um interrupto uso de alguma droga psicoativa - mas, como esse não é o caso, deve ser produto da sensação de renovação que um novo ano trás consigo. Porém sinto calafrios ao pensar que posso cair na armadilha do ardiloso tempo e me tornar uma daquelas pessoas cujas chances passaram por elas e elas simplesmente a ignoraram.
O que aconteceu nos meses que se passaram mudaram profundamente alguns - senão todos - de meus modos de ver e lidar com as coisas. As mudanças que se mostraram severas e drásticas, onde passei por períodos de tempestade emocional devido à confusão e relacionamentos problemáticos.
O que vai acontecer nos meses que se sucederem pode (e, quase que certamente) decidir quem eu quero me tornar no futuro e qual auto-estrada irei tomar para entrar na idade adulta. E, qualquer estrada que eu decida seguir, devo lembrar... outras sempre irão existir.

Citação: The Killers - Smile Like You Mean It