enjoy the silence

sentimentos são intensos; palavras são triviais
elas são sem sentido e esquecíveis

O som do mar agitado lutando contra imóveis pedras; o som de árvores cuja mobilidade se perpetua pelo insistente vento; o som de um bando de pássaros inundando o instável céu de novembro. Em contraponto ao som que palavras fazem, esses ruídos parecem infinitamente mais bonitos e, na verdade, sem a menor controvérsia, realmente são.
Algumas vezes palavras são temivelmente necessárias, mas, em boa parte do tal "tempo", elas são perfeitamente dispensáveis. As vezes elas servem com o único propósito de machucar, e, quando são ditas sem qualquer propósito, elas invariavelmente machucam - ou ao menos irritam. O problema é que elas escondem o tão proveitoso silêncio, avançando com um superficial andar sobre ele. Não que o silêncio, em seu mais puro significado, seja possível sem aparatos modernos, mas quando nos silenciamos por certo tempo percebemos melhor a elementariedade e o valor do que nos rodeia. Conseguimos refletir com melhor sonoridade e acabamos que por refinando nosso vocabulário, fazendo melhor escolha de palavras ao falar. Em nossas relações pessoais, o uso abusivo de palavras acaba que por desgastando o sentido de estar ao lado de outra pessoa. Acaba destruindo o prazer de sentar na beira do mar ou no topo de uma montanha ao lado de alguém e experimentar a mistura de frio e rugido que o vento traz e o alento proporcionado pela outra pessoa. Acaba que deturpando o sentimento, por que palavras simplesmente complicam as coisas.
Não é tão difícil achar verdade naquele velho ditado; "uma ação vale mais que mil palavras". Elas podem soar bonito de tempo em tempo, mas moderação é prescrita.

Citações: Depeche Mode - Enjoy the Silence
(aliás, a idéia do texto veio da música)

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