caminhando semidesperto ao longo do oceano cinzento

As lembranças se esvaiam junto com a intoxicante sensação de mal estar que ele carregava. Ali, andando na vazia faixa de areia enquanto as nuvens invadiam com intensidade o céu que agora há pouco estava próximo do azul anil. O mar se estendia para a imensidão do Oceano Atlântico, interrompido por uma indefesa ilha - a qual ele contornava com sua típica força e intensidade. Os detalhes estavam mais vivos, junto com as cores e as mudanças. O ponto de transição se aproximava de seu ápice e a instabilidade eram coisas relacionáveis e reais, e ele se sentia feliz e livre outra vez. Mesmo que não vendo uma resolução simples ou concreta para aquilo, estava se sentindo bem. Aquilo que faltava parecia estar chegando com uma magnitude que nunca havia observado antes. Todos os relacionamentos anteriores pareciam superficiais e ele agora se perguntava como conseguia acordar ao lado de pessoas por quem ele não sentia nada especial. A idéia agora causava repulsa, mas nada o estava atingindo - apenas a maresia, de um modo diferente e positivo. Sentia o vento baixando a temperatura em ascenção nesse fim de novembro, mês esse que anuncia, todos os anos, o verão mordaz e [sempre] surpreendente. O poder de algo real se alojou nele. E ele não queria que nunca mais o abandonasse.

Citação: E.M. Forster - Maurice (livro)

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