então traga as discrepâncias...

...que prepararei as bebidas.
Death Cab for Cutie - Army Corps of Architects

Não acredito em destino, nessa idéia absurda que nosso futuro está pré-escrito em qualquer remoto lugar virtual. Na verdade, acredito piamente em poucas coisas. Acredito, com pouco fervor, em algo superior, algo físico que a ciência já explicou em diversas teorias e continua explicando em novas (mesmo poucos percebendo isso). Um tipo de força, não que rege, mas que mantêm um certo equilíbrio. Não um deus absurdo humanizado que impõe uma unidimensional moral ao mesmo tempo que prega amor. É absurdo e fruto de ignorância - e até falta de crença em si mesmo - acreditar nisso, e me recuso.
Mesmo com fiel relutância, nas últimas semanas venho aceitando mais outro tipo de força. Uma que passou a ser incessante busca de todos e é idealizada como algo indestrutível, quando na verdade, mesmo absolutamente necessário, é reciclável e passageiro, e se renova a cada instante. A força de relações humanas. Pessoas. A força de fazer algo não por causa de si, mas por um outro. Seja do "mesmo sangue" ou alguém inteiramente desconhecido. Mudar sua rotina para bater de frente com outra pessoa. A sensação gostosa de se sentir atraído por alguém que se traduz em sorrisos e tira concentração.
A força de acordar ao lado de alguém que você realmente sente que gosta. Acordar com aquela pessoa que tanto te fez feliz dormindo do seu lado, peculiarmente bonita, que acabou adormecendo em seu peito. Vem junto uma vontade de passar o resto do dia ali mesmo, naquela cama, ao lado daquela pessoa, mesmo com um sol nascente ameaçando um dia lindo lá fora. Nunca achei que fosse pensar assim, não desse jeito tão extremo e que trai minha ideologia distante... mas, é a tal força. A mesma força que depois acaba me deixando bambo ao perceber que tal pessoa vai embora, eventualmente. Seja um adeus tempestuoso ou um adeus pacífico no aeroporto, é difícil - ao ponto que nos deixa esquecidos que existe tantas possibilidades, pessoas e momentos que ainda iremos enfrentar e com um gosto ainda melhor, munidos de mais experiência e mais afinco por momentos como esse.
É o tipo de momento que poderia durar muito mais do que durou, mas, só de ter tido algo assim já me deixa bem. E repetido. E não apenas com uma pessoa. As pessoas podem ser únicas e significar diferentes coisas, mas deixar alguém faz você conhecer outra pessoa com quem poderá viver outros momentos tão [ou ainda mais] significativos. Não que isso venha em mente quando os dias passam rapidamente e subtraem o tempo restante.

mother, should I trust the government?

Vontades; atitudes; verdades; ânsias; conceitos; idéias; particularidades; direitos; sentimentos; incertezas; recusas; aprovações; conhecimento; liberdade.
Leis; infringimentos; imposições; erráticas; "moralidade"; "valores"; punição; impunidade; regulações; indexação; cerceamento; ato; constituição; corrupção; poder.
Vivemos numa dita democracia. Abaixo de um conjunto absoluto de leis maiores elaboradas seguindo (ao menos teoricamente) a constituição. Temos proibições que tem como dever organizar nossa sociedade e impedir o caos, ao mesmo tempo em que a deixa confortável para a população habitar. Temos uma quantidade pré-determinada de políticos que tem como missão fiscalizar, produzir, mudar e monitorar esse grande emaranhado de regulamentações que impede que o ser humano viva em completa barbárie, e que nosso sistema funcione de acordo com as regras econômicas. O objetivo é uma sociedade igualitária com oportunidades para todos acoplada ao método meritocrático.
Ao fim, estamos de mãos atadas. Somos submetidos à excessiva tributação, vemos um desrespeito às regras e deveres daqueles que deveriam estar monitorando essas leis, temos nossos sonhos enfraquecidos pela quantidade de papel necessária para tirá-lo do fundo do armário mental, somos esmagados por uma ineficiência vinda de todas as esferas dessa dita organização, e ainda temos que lidar com uma moral imposta pelo governo.
Temos feriados cristãos. Um homem não pode se casar com um homem ou duas mulheres não tem matrimônio concedido porque o estado afirma que o amor que ambos dividem não é digno de status de casamento. Não temos o direito absoluto sobre nosso corpo, pois o estado, com suas tradições (que não levam em conta a tradição e as crenças de cada cidadão, e sim da maioria, ou até mesmo a tradição do século retrasado) deixa o direito de livre-arbítrio com várias observações e asteriscos. Certo produto ou planta não nos é concedido, mesmo com nosso total consentimento, porque é considerado um crime pelo estado. Mas o que é um crime? E porque algo que atinge apenas a quem escolhe é considerado um crime? E como essa metodologia constitucional abre brechas para diversos outros crimes, que envolvem violência e dissociação da organização social que os que detém o poder dizem tanto defender?
Sinto um potencial emergente muito grande ao andar pelas ruas de minha cidade. Porém também percebo um pesado clima de estresse, de cerceamento e desânimo. Sinto uma ignorância pairando no ar, pairando na mídia dominadora. Sinto uma urgência muito grande de mudança, para algo que coloque a liberdade de espírito e arbítrio antes da moral que não é absoluta. Uma desregulamentação maior para a economia, para que [aí sim] podemos retirar nosso estigma de sociedade extremamente desigual. Como estava discutindo [e concordando] com uma similar amiga minha, acreditar na economia é acreditar numa contínua melhora de qualidade e condição de vida.
Sou libertário. Acima de acreditar na economia livre, acredito numa educação que desenvolva o indivíduo para fazer suas escolhas, para o mundo do trabalho, o mundo de contínuo desenvolvimento, de pesquisa, de conhecimento. Só assim esse clima de desconfiança pode desaparecer do ar.

Citação: Pink Floyd - Mother

o batalhão de choque está inquieto

Eu começo esse texto sem a mínima idéia do que escrever. Na verdade, estou com esparsas idéias que diferem bastante uma da outra. Mas me sinto com uma vontade imensa de escrever. Os números me assombram na escola e fora dela algumas pessoas me assombram também. Me senti mal durante o dia inteiro e não sei exatamente porque. Tenho idéia, mas não é exatamente apenas um motivo. Estou desmotivado. Cansei um pouco da rotina, das pessoas, do cenário. Preciso retornar as coisas que realmente me relaxam e me deixam bem, mas meu tempo anda mal-administrado. Pode ser exagero de adolescente metido ao drama, mas como nem drama nem exagero são do meu estilo, recuso essa denominação.
Queria um pouco mais de surpresas positivas, de ficar naquele estado de estar curioso por alguém sem muitas preocupações, sem muito movimento, com um ritmo mais lento. Isso é coisa de alguns anos atrás, quando inexperiência era motor do surpreendente. As coisas mudaram, as pessoas mudaram, os hábitos mudaram. Me vejo fazendo coisas que nunca imaginei que sequer iria experimentar atitude próxima. Continuo íntegro à minha personalidade, mas traços novos surgem no meio do aprendizado e de qualquer indício de experiência que tenha ganho nesses últimos tempos. Não julgo ser muita, é quase nada, mas talvez não condizentes com minha idade. Mas estou meio perdido, na minha rotineira confusão. Ainda me sinto em transição, sem fim previsto. Ao mesmo tempo que quero um tempo sozinho quero pessoas novas, não exatamente um relacionamento sério, mas também não um emaranhado de paralelas relações que no final se mostram complicadas demais para se levar adiante, ainda mais quando promiscuidade de funde com amizade. É meio complicado na verdade, porque no fim restam sentimentos mal resolvidos.
Mas é tudo muito rico em possibilidades para ficar se enterrando em melancolia. No tempo limitado que recebemos, não adiante dividir mágoas quando há tanta coisa ainda por aí. Tudo bem que é inevitável às vezes, mas ainda assim... prefiro mascarar do que despejar drama por aí.

Citação: Bob Dylan - Desolation Row

confusão rotineira

Há algo inerente ao meio dia-a-dia. É ao conhecer novas pessoas e ao me encantar por elas. É ao me encontrar com alguém com quem divido sentimentos há muito tempo mas não compromisso. É ao ser abordado por uma pessoa de maniqueísta que, ao menos para mim, já tinha saído do cenário há muito tempo - mas na verdade, ainda não saiu completamente.
Sou, por definição, confuso em questões sentimentais. A realidade que insisto em defender é recompensada por insegurança em relacionamentos. Tenho medo de desagradar, me arrependo sem conseguir dizer desculpas - analiso cada movimento, como num jogo de estratégia, onde o objetivo é não magoar ninguém e ainda sair ileso. O que é quase utópico. Essa insegurança se transmite pela coberta que insisto por em que realmente estou sentindo, por meio de isolamento ou clássico fingimento mesmo. Isso nunca me ajudou em nada, mas, ainda assim, não consigo me sentir bem vulnerável, e, ainda tenho essa idéia retardada de que vulnerabilidade e insegurança são sinônimos. Acabo parecendo frio.
Não gosto de compromissos ou drama, e tendo a deixar isso bem claro. Isso acho positivo. Discuti isso no roteiro de um filme que termina e continuo defendendo a tese de que não amarras destroem relacionamentos. Tem um, não meu, que está próximo do fim e tal fim respingou em mim, com o reaparecimento de um fantasma. Aí complica. É óbvio que continua sendo não como resposta, não é mais 2009 e recusei ficar na fila dos estepes. Mas nem foi a falta de caráter [decorrente de uma fortíssima insegurança] que me surpreendeu, e sim minhas reações pessoais que sucederam.
E ainda não sei o que fazer, nem em relação à isso, que caiu como uma bomba, nem com relação à partida, nem com relação a todo o resto. Na verdade, minha própria confusão cria mais confusão... mas venho achando que preciso de alguém completamente novo, fora de tudo isso, porque essa tal transição parece nunca acabar. Sinceramente, não sei.

desconstrução do rótulo

‘I don’t follow these fucking labels, for anything’ Maurice said, in a strong decided voice. ‘I don’t like men or women… I like people. I don’t care if it has a penis or a vagina, I just like it what I like. I like a person that happens to be a boy, ok, whatever. I fuck someone that happens to be a woman, the same thing you know. And I strongly believe that human nature is like this, if everyone allowed themselves to explore their own sexuality – and human sexuality is richer than Bill Gates – I’m sure we’d have a lot more of boys to explore ourselves’ he said, letting go a laughter, while Gabriel gave a smile in agreement. It made perfect sense. ‘But humans are so fucking stuck to these damn labels you know, actually, society makes us swallow their fucking pre-established concepts about everything and most of us follow society blindly. This system is so fucking stupid you know. There’s no democracy, there’s no freedom. Everything is based in some ridiculous laws who are nothing but distorted morals, and no exceptions for our country, because sadly it’s a worldwide secular thing. Pre concepts are natural of the human being, but not like this you know’ Maurice said, getting excited with the interested face Gabriel had in that moment. Maurice was a brilliant dude and loved sociology, philosophy and history – no wonder why he smoked so much weed – and Gabriel, despite being immature and a little messed up intellectually, loved to hear Maurice speaking. ‘I mean, what is so wrong with homosexuality? You like your same gender, so what? Is that an offence to a humanized God that nobody knows that even exists? Shit dude, it’s so stupid, and people are that alienated to buy this idea. And from a Presbyterian old lady to a bottom gay smoker – no pun intended – we are all really alienated. It’s sad and kind of difficult to think about it, because it just gets deeper and deeper and more worrying, but I do believe is true. You take your conclusions’ he said, giving a sympathetic smile to Gabriel. Maurice found Gabriel an extremely charming young boy but do restrained some stuff due to Gabriel’s fame of the industrial process that his boyfriends-of-the-week got through. It was almost like if Gabriel followed Henry Ford in his mass-production theory, but in this case was perfectly adapted to the relationships. The both of them were on a massive hungover of last night, and wine was a great way to cure hangovers.
In the end, and looking a bit around, you could say that everything Maurice said made perfect sense. And it actually did.

roteiro de um filme que termina

Essa sucessão de ótimos momentos ao seu lado me dá uma inexorável e brutal certeza. Os ótimos momentos que parecem só ser mais e mais valorizados e aproveitados me deixa até com um certo medo do meu estado após sua partida, que cada dia fica mais próxima. É complicado transcrever isso em palavras, até porque nenhuma delas são necessárias para fazer um momento incrível ao seu lado, porém sei que as palavras vão vir depois como terapia - como de costume.
Não faço o estilo utópico, mantenho-me o máximo possível com os pés no chão. Porém, parafraseando alguém, tenho a mania do extremismo em questões internas, mesmo que eu me exponha inacessível. Há algo de errado nisso, e acaba sendo uma maneira inconsciente de equilibrar e eqüivaler minha frieza e minha capacidade de ser sentimental. Tento mudar essa situação, mas, querendo ou não, é uma característica da minha personalidade. Ando pensando demais em uma pessoa, ao ponto de esquecer as novas que apareceram, porém, como não sou do tipo de dramatizar, apenas tentarei passar o tempo que conseguir ao lado dela antes de sua partida. Novas pessoas aparecem o tempo todo - a própria pessoa em questão foi um relacionamento após outro que estava indo para um caminho errado.
Adoro estar com alguém. Ao lado de alguém, dividindo momentos, carícias e conversas, porém não gosto do compromisso. Gosto do sentimento. Não vejo sentido em desgastar algo que é tão gostoso com amarras que só servem para status, ou por insegurança. Não estou com alguém para ela ser minha seguradora, estou com alguém por gostar de ficar ao lado dela. É simples assim - na verdade, é muito simples. O que é complicado é o adeus, que está chegando, numa irreversível contagem regressiva - irreversível, não mortal.
No fim, é tudo muito cíclico; se perpetua em estágios. Em dado momento você quer ter uma pessoa para si. Em outro, várias. Em alguns (relativamente raros), ninguém, apenas ficar sozinho. É natural, e é certo que, no meio de bilhões de pessoas, não existirá apenas uma que iremos gostar. Talvez apenas poucas que marcarão, e poucas entre todas que realmente sentiremos algo... mas, ainda assim, há muito para ser descoberto e como descobrir e conhecer é meu maior amor, não tenho medo de perder alguém. Ainda assim, eu gosto da estabilidade. Tenho relacionamentos estáveis, abertos, com mais de uma pessoa - claro que correndo o risco de perdê-la a qualquer momento (mesmo sabendo que não vou, não dessa forma, não de uma hora para outra), mas, como argumentei anteriormente, não fico com pessoas para depositar minha insegurança nelas. Estou com elas para aprender, para conhecer, para curtir, para aprender. Não para jurar, para me amarrar, para sofrer, para me acomodar para me desgastar. Não, não vou morrer, minha vida não vai parar, pelo contrário, é mais outro novo estágio. E desde quando saudades é estritamente ruim..,. ainda mais quando vem acoplada a mudança.

Citação: Death Cab for Cutie - A Movie Script Ending