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empty bottles, spent cigarettes

Ele sentia que estava trocando algo que queria por algo que não se importava, mas ainda não tinha conhecimento disso. Sabia que não estava gostando daquilo, e sabia que estava interessado em outra coisa, mas na verdade tinha medo de saber um pouco mais e acabar tendo que romper a tênue película que envolve as aparências. Ele se sentia meio rodeado, sufocado, e, mesmo com diversas vontades, preferiu inconscientemente a retração, que no fim não lhe deu nenhum benesse, mesmo tentando forçar seus sentidos à fingirem que fora agradável. Ele ainda não sabia, mas, isso acaba sendo uma questão de tempo, porque, bom, aparências falsas não se carregam pela vida inteira, certo? Ao menos alguma hora você admite para alguém, e, querendo ou não, as aparências acabam afundando enquanto as verdades, agora podres, chegam na superfície.
Ele saiu daquele ambiente, que estava quente naquela noite amena de começo de outono. Acendera um cigarro, andando rapidamente em direção à saída da praia. O vento batia rasteiro naquele espaço, enquanto algumas pessoas estavam aglomeradas dormindo, com diversos copos as rodeando. A baía estava calma, a maré, baixa. Outro cigarro, mesmo se sentindo um pouco asfixiado. De qualquer forma sabia que a asfixia não provinha tanto do fumo quanto provinha de uma sensação que não conseguia se livrar... porque não tinha conhecimento do seu real motivo, não admitia seu real motivo.

Citação: Death Cab for Cutie - Photobooth

you who ran the ship

Depois de tudo errado que aconteceu - julgando que a separação fora completamente danosa, o que não foi - fiquei dias e noites pensando não no que acontecera, mas em você.
Começou com o invariavelmente agitado dia no qual nossa relação se iniciou. Conversando com um amigo meu, você estava próximo com o namorado dele trocando qualquer confidência; ambos fora de vista - ao menos naquelas luzes confudíveis, quase intoxicantes. Eu me sentia um pouco vazio e pesado com culpa, herdados de algo que já havia passado mas ainda estava fresco em minha memória. Você chega, com um copo contendo algo colorido na mão. Parece meio perdido e meio ingênuo; seus cabelos louro-escuro estavam retocados de suor; seus olhos castanhos brilhavam ao se chocarem com tais luzes intoxicantes da boate. Todos estavam em movimento; era o auge da noite e éramos os únicos parados, enquanto o casal que nos acompanhava dirigia-se para a lotada e enérgica pista de dança. O seu amigo fez algum sinal estranho para mim que vim a entender apenas mais tarde, apenas havia entendido que se referia a você. Não havia a possibilidade de conversa, não com entendimento... você veio calmamente, logo pensei que fosse tentar algo, como os outros impacientes e ignorantes membros dessa geração agora costumam fazer, friamente e sem sentimento (citando Baldwin, como um fio ligado a uma tomada sem corrente elétrica; há o contato mas não há troca de calor, vibração, não há verdadeira energia), porém você não prontamente o fez. Me chamou para a praia, com aquele rosto tremendamente lindo e aquelas expressões corporais corporais infantis que eu passei a conhecer tão bem e pelas quais passei a nutrir tanto carinho. Ao passar pela segunda pista até a porta de saída você tomou minha mão. Nesse momento senti que não seria algo de uma noite nem algo infrutífero... e nem foi o ato de pegar na minha mão, e sim como você tomou-a.
Ao chegarmos a praia, prontamente começamos a conversar, iniciando com o relacionamento de nossos amigos, indo para particularidades deles, até evoluirmos à nossas particularidades... sua timidez (aparente e presente, mas disfarçada por um pouco de álcool) fez seu rosto ir avermelhando, assim como fez você mexer mais e mais no cabelo. Você me olhava de um jeito doce, tão doce que conseguiu quebrar a opressão que eu mesmo impunha aos meus sentimentos. Olhou para o mar observando as luzes de Balneário Camboriú, e comentou como era bonito; logo me identifiquei com esse culto a natureza seu. Começamos a falar sobre o mar, a praia, o lugar; em um momento você, me ouvindo falar, olhando em meus olhos, me beijou. Fui tomado por uma intensa energia e agradabilidade, e não era por causa do álcool consumido na noite - até porque não fora muito. Era uma noite absurdamente quente e voltamos para a pista e dançamos até estarmos encharcados de suor, e saímos correndo para dentro do mar, de roupa. Você molhou seu celular, eu molhei meu dinheiro, mas nenhum de nós nos importávamos com isso. Depois de alguns mergulhos e conversas quebradas, sentamos na beira do mar e lá ficamos até o sol nascer. Foi um dia tão legal que, mesmo após tanto tempo que se passou (... nem foi tempo perdido) consigo descrevê-lo perfeitamente, com detalhes.
E depois desse tempo que se passou, não consegui corresponder seus sentimentos à altura, por diversas razões que nem eu consigo explicar direito. Acabou, não sei se deveria acabar, e acabou se empilhando junto com meus relacionamentos que geralmente acabam por minha causa. Mas eu ainda penso bastante em você... como aquele que mitigou minhas concepções sobre basicamente tudo.

post-party seaside routine

Está amanhecendo, e você ainda está meio alto do álcool e de qualquer outra coisa da noite. Tenta achar seu agasalho ou celular, não acha nenhum dos dois. Divide, com alguma dificuldade de lembrar exatamente do que aconteceu, com o resto das pessoas também em um estado parecido pensamentos de como a festa fora absurdamente divertida e com quem cada um ficou ou aonde tal pré-adolescente vomitou. É hora de beber litros de água e o cansaço é tão grande que você não consegue pensar em dormir pelo simples conhecimento de que não irá conseguir; é hora de se perguntar se você realmente queimou aquela garota de propósito. Todo mundo já está organizando algo tão pretensioso como foi a festa, assim como todos estão – incluindo você – igualmente revendo o que acontecera há algumas horas atrás e o que pareceu acontecer – se aquela banheira azul realmente existia, se o mar estava em um nível tão alto assim, se aquele garoto realmente desmaiou. Estão todos parecendo terríveis zumbis mas ninguém está dando a mínima devido ao êxtase que se têm ao término de uma ótima festa. Para você, porém, só há um pequeno problema, além do cansaço eminente: não se lembrar do que aconteceu entre 3 a.m. e 5 a.m.