onde as ruas não tem nome

He could feel the freckles of sand running through the hateful wind that was blowing in that summer afternoon. He could feel his heart beating while his head was urging him to remember that absurd night. Yes, he could feel it all. But, at the same time, the rush of thoughts was making him be obligated to stop those sensations.
She interrupted the deep breath he was taking after some thoughts on what he had just made the night before, and would whisper in his ears: ‘I still love you’.
In the opposite way of the mistaken promises lots of teenagers made every day about loving another person and wanting to be forever with that particular one – all product of that shallow ridiculous relationships – their love wasn’t false. They both shared it for a long time and they had gone throughout a rocky road of a tumultuous relationship. But they were still there, waiting to finally be together.
Even though they both wished to be together, at the same time, there was something stopping them from doing so. Something really strong…
That old teenager urge of being free.

Citação: U2 - Where the Streets Have no Name

universos paralelos

A mudança é tão estranha porque tenho diferentes grupos de amigos que me conheceram em diferentes épocas da minha adolescência - período no qual uma pessoa mais muda. Ao falar com cada um deles sinto que eles não me conhecem bem, só por não terem acompanhado as mudanças que sofri durante esses últimos anos - irremediavelmente gigantescas. Alguns até acompanharam, e são nesses que deposito maior confiança pelo bom entendimento que eles tem de minhas ações e atitudes. Os que me conheceram mais cedo, no ensino fundamental, por exemplo, e que não mantive convivência nesses dois anos de ensino médio, são os que com mais sinto essa abrupta discrepância: é estranho conversar com alguém que acha que você parou no tempo e continua aquela pessoa com aqueles velhos gostos e ânsias.
É estranho também perceber como a vida deles se encaminha, enquanto você tomou um rumo completamente diferente e agora anda com pessoas opostas. A mente aberta de meus amigos atuais se opõe ao suburbanismo que exala dessas pessoas que, mesmo que com mentes limitadas, ainda me proporcionam uma sensação absurda de nostalgia e boas lembranças. Lembranças de um tempo onde brincar na rua era minha principal ocupação e sexo era um termo engraçado que só se exibia em piadas infantis sobre a novela das oito. Não estou reclamando da mudança e nem tentando atenuar o passado como perfeito e idolatrar a inocência, mas são só lembranças nostálgicas.
Tenho a noção realista que meus amigos atuais vão um dia seguir rumos diferentes dos meus, e talvez nosso contato se perca ou talvez conseguiremos mantê-lo de alguma forma, mas pessoas diferentes são agentes positivos para novas mudanças. Então, vou tentar manter o clima nostálgico baixo, por mais difícil que seja, ainda mais que é natal.

pano de fundo


você me quer? você cuida de mim?
mesmo que eu seja uma pessoa egoísta e ruim?
você me aceita, e me dá a receita
de como conviver com um monstro mesquinho e careta?
você me respeita, não grita comigo...
...mesmo que eu tente tudo pra te irritar

você tem que entender
que eu sou filho único
que os filhos únicos são seres infelizes

eu tento mudar... eu tento provar que me importo com os outros
mas é tudo mentira (tudo mentira)
estou na mais completa solidão
do ser que é amado e não ama

Filho Único, do eterno Cazuza

construção da rotina destrutiva

O sol ainda não nasceu, e o escuro impera sobre as colinas habitadas margeadas pela rodovia - que ainda não está movimentada. Um quente banho dá o ritmo para o resto do dia, que presume-se ser mais outro cansativo. O sol dá sinais de querer nascer enquanto subo no primeiro ônibus, relativamente ocupado por sonolentos rostos. No segundo ônibus, a visão do sol nascente contrastando com as águas calmas da beira-mar norte e os remadores espantando gaivotas com seus remos e remando por entre a sujeira da baía deixa a manhã com um gosto menos amargo, e até, ao menos para mim, nostálgico. A música dá o tom para o resto do dia e um café na praça inicia seu ciclo.
As luzes da escola acendem no ínicio de uma preguiçosa manhã. Os corredores vão enchendo até o primeiro sinal tocar e lembrar a todos de entrarem nas salas, sentarem nas cadeiras e aguentarem quatro horas ali sentados se conformando com o sistema educacional, com uma breve interrupção para o recreio. Dia após dia, as conversas vão ficando mais escassas assim como os assuntos, já que a mesma convivência que fez amizades agora as deixa monótonas. Todos começam a necessitar sentirem saudades para evitar aborrecimentos, comuns a quem se vê cinco dias por semana.
Eu olho para a janela e vejo o sol iluminando as ruas e as casas do centro da cidade, e a vontade de sair da sala de aula se sobrepõe a obrigação de terminar mais outro semestre com resultados positivos. Ao mesmo tempo que tudo parece passar rápido demais - olhe, ali já está o natal! - os dias, de tão rotineiros e parecidos - parece que se estendem para sempre. As férias parecem nunca chegar. Quando chegam, a rotina já era tão premeditada e seguida com tanta religiosidade que uma sensação de estar desocupado preenche minha mente.
Os melhores anos de nossas vidas não podem estar resumidos a um resumo do que seremos quando adultos. Mas eles parecem estar acometidos a isso mesmo... e parece que é exatamente isso que tais adultos querem, quando clamam por resultados e comentam do 'mundo lá fora', como se não vivessemos nele. A ideologia adolescente da ânsia por liberdade e por diversão não pode ser tão irracional assim.

e o padrão se confirma

Não era para acontecer de novo, pelo simples fato de que, se acontecesse novamente, iria entrar naquele mesmo velho padrão de meus relacionamentos. Mas, ao contrário dos outros relacionamentos, cuja reprise foi quase como que uma última vez - um selo de finalização -, nossa 'recaída' foi algo que sabíamos que iria acontecer e também era inevitável que acontecesse, e sei que vai acontecer de novo. Claro que uma hora vai acabar por definitivo - algumas ações suas e minha natureza instável denunciam isso - mas por enquanto continua sendo bom, mesmo que ocioso.
Porque quando é entre nós dois, e apenas entre nós dois, é ótimo.

sadness

Olhando um pouco para trás e me envolvendo por um tipo de nostalgia pesada e contaminante, não é difícil ver porque parei aqui - e parei não só no sentindo de ter chegado nessa situação, de ter parado mesmo. Pessoalmente, estou parado, não consigo mais me mexer. Isso foi o resultado de uma intensa guerra de sentimentos que comigo se estende há mais de dois anos, e culminou no depósito de expectativas em alguém completamente aleatório que apareceu do nada na minha frente. Enquanto sempre tive expectativas pessimistas e duvidosas que me barraram de entrar em relacionamentos sérios, agora as expectativas foram as mais altas possíveis - assim como a queda, queda ao perceber que as expectativas não tinham nenhum fundo de realidade.
É difícil se sentir mal em algum momento todos os dias. Vou mascarando até ser impossível tudo isso, mas mascarar não ajuda de modo algum a passar. Deixar a mostra também tudo o que sinto não ajuda muito, já que só faz as pessoas se afastarem - ninguém gosta de um intenso depressivo. E com amigos próximos já não consigo mais dividir o que sinto porque parece que cai numa rotina de repetitividade.
E... vou sentir absurdamente sua falta. Mesmo podendo ser resultado de um conflito e a tentativa de validar minhas falhas e relacionamentos passados, meu sentimento por você não é inventado. Nunca foi. E persiste, sem nenhuma mancha... não entendo direito o que estou sentindo, mas sei que é por você. Isso só torna tudo pior.

just what it means to me

Eu chego. Você está sentado, antes me observa atentamente, sorri e corre ao meu encontro. Conversamos e trocamos olhares enquanto o som do mar se confunde com nossas vozes. Você diz o quanto adora olhar para o mar e o quanto adora dividir isso com alguém, como estava fazendo no momento. Não consigo resistir aos seus olhos e ficamos juntos enquanto a música toca, completando mais um momento agradável em companhia sua.
Você sempre teve esse jeito agradável que aspira liberdade e observa tudo atentamente enquanto parece não se incomodar com nada. A rotina dos filmes e do vinho branco nunca foi sinônimo de (realmente) uma rotina, já que rotinas acabam desgastando e estressando. Isso porque sempre tivemos assunto, sempre tivemos algo muito forte que nunca se transcreveu em compromisso - o único compromisso que tínhamos era o de não levar tudo para o lado do namoro, já que isso só ia minar nossas noites para algo forçado. E você também sempre transmitiu essa incrível leveza. Mas hoje relembro o que aconteceu e vejo que de nenhum modo seria assim, forçado. Entendíamos as necessidades e angústias um do outro, e sempre criticávamos o caráter dominante e de propriedade que alguns relacionamentos acabavam, inexoravelmente, adquirindo.
Somos bastante parecidos, na verdade. Mas isso não era o que nos mantinha juntos, e sim uma série de motivos - talvez fosse um deles, mas nunca o principal. Sinto falta sua e você minha, mas talvez não seja possível reatar algo que terminou de um modo que nem eu nem você imaginavam que iria terminar - por uma briga, que expôs palavras desnecessárias e que nunca achávamos que iríamos trocar.
Você me entendeu perfeitamente. O deslize não foi de nenhum dos dois, foi algo que aconteceu por um fator que não tinha correção alguma. Você deve ter ficado bravo comigo, e talvez até com você mesmo por não conseguir reverter a situação (eu, ao menos, fiquei comigo mesmo, e muito), mas não havia nada a ser feito. Nunca teria a coragem de terminar isso, porque me fez tão bem e dividi muitos momentos que estão entre os melhores que já dividi com alguém - e isso nunca nada poderá apagar, nem conseguirei esquecer. Não queria, na verdade. Nem você.
Essa coisa de nunca colocarmos amarras no outro funcionou muito bem, porque ambos queriam, de verdade, isso. Mas o sentimento que foi criado durante nossa convivência foi forte e talvez demais para você levar com tal risco, o risco de os cenários mudarem e não haver mais como mantermos isso. E, infelizmente, o risco se provou verdadeiro e se transformou na gelada realidade.
Não foi fantasia, em nenhum momento, ou armação. Foi tudo tão verdadeiro e parecia que sempre respondíamos a pergunta do outro. O que eu procurava no momento, achei sob medida com você. É quase difícil de acreditar, e às vezes me vem a incógnita de se fui eu que deixei passar isso que nós tínhamos, como já tinha feito anteriormente em relacionamentos que tinham muito mais demandas e frustrações. Mas, continuando com nosso velho compromisso... 'não há com o que se preocupar, charming man'.

Citação: 8stops7 - Question Everything

it's all over

Acabou. Ou ao menos deveria ter acabado. O que aconteceu rumou para um fim que não foi planejado ou esperado, e talvez nem necessário.
O que nem tinha começado também agora está no ponto final, que eu não consigo, por mais incessante que sejam as tentativas, não consigo colocá-lo.
Mas é um basta que já deveria ter sido firmado há um bom tempo atrás. Sempre resistia em me render mas nunca foi preciso nenhuma ação minha para esse término, mesmo porque, nunca teve início.
Não sei o que fazer, dizer, escrever. Sempre tive o poder do término, e sempre acabei usando-o, por diversos motivos - geralmente acompanhados por medo, culpa e receio. Agora me arrependo de não ter virtualmente ninguém ao meu lado e me perco pensando em você, quando já não deveria mais estar perdendo tempo nisso - nisso que congelou um relacionamento e o levou ao fim, com uma pessoa que me deixava tão bem mas que já não tinha a prerrogativa de me manter meus pensamentos afastados.
E agora, o que fazer?