arredores

Uma praia, um caderno e caneta. Um sofá, luz baixa e alguém. Uma bicicleta, música e sol aberto. Uma boa paixão, pequenos gestos e conversas. Um amigo, um banco e confissões. Um familiar, um copo de café e nostalgia. Um livro, fria madrugada e conhecimento. Uma novidade, complicações e mudança.
Muitas reclamações perdem seu sentido quando percebo a quantidade de motivos e pessoas que me dão suporte. Na verdade, o sentido se esvai ainda mais quando as possibilidades ao nosso redor vão se tornando mais evidentes e ao mesmo tempo mais infinitas. Decisões confundem, alguns te trazem ainda mais incerteza, mas ainda assim sempre resta uma inexorável expoente: recomeçar. Muitos dizem que é impossível recomeçar sempre, mas isso é uma grande mentira, porque ela requer poucas coisas, já que um recomeço pode significar diversas coisas; pode ser um novo relacionamento, uma nova cidade, um novo estado de espírito. Requer algumas vezes força e coragem, às vezes devido a própria falta desses dois recomeçamos. Sentimentos pesados trazem leveza pela nova significância que eles dão a pequenas coisas e como podem anular a superficialidade. Não é possível mudar e recomeçar tudo, temos nossa própria elementariedade que nunca vai se alterar, porém podemos moldar novos sentidos e caminhos com o livre arbítrio que acompanha silenciosamente o ser - digo silenciosamente porque raramente percebemos essa liberdade que nos permeia, e percebê-la em sua integralidade pode ser perturbador. Mas, ainda assim, é importante que tenhamos o senso crítico necessário para não vivermos amordaçados ou amargurados, já que, olhando para o horizonte infindável do mar azul em um claro dia de primavera, achamos o necessário para todo o resto.
Ou tudo pode ser pura bobagem idealista e na verdade a constante pressão e adversidade na qual nossa vida é prensada transformou-a em uma limitação insuportável. Mas nunca acreditaria nisso.

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