a recusa
you who ran the ship
everything I loved got broken on the road to mandalay
I'm in love and I'm so fucking helpless.
post-party seaside routine
Está amanhecendo, e você ainda está meio alto do álcool e de qualquer outra coisa da noite. Tenta achar seu agasalho ou celular, não acha nenhum dos dois. Divide, com alguma dificuldade de lembrar exatamente do que aconteceu, com o resto das pessoas também em um estado parecido pensamentos de como a festa fora absurdamente divertida e com quem cada um ficou ou aonde tal pré-adolescente vomitou. É hora de beber litros de água e o cansaço é tão grande que você não consegue pensar em dormir pelo simples conhecimento de que não irá conseguir; é hora de se perguntar se você realmente queimou aquela garota de propósito. Todo mundo já está organizando algo tão pretensioso como foi a festa, assim como todos estão – incluindo você – igualmente revendo o que acontecera há algumas horas atrás e o que pareceu acontecer – se aquela banheira azul realmente existia, se o mar estava em um nível tão alto assim, se aquele garoto realmente desmaiou. Estão todos parecendo terríveis zumbis mas ninguém está dando a mínima devido ao êxtase que se têm ao término de uma ótima festa. Para você, porém, só há um pequeno problema, além do cansaço eminente: não se lembrar do que aconteceu entre 3 a.m. e 5 a.m.
tomorrow afternoon
É tão legal quando, por acaso, sentimos uma atração muito forte por alguém. O tipo de atração que se sente logo ao ver a pessoa, e continua se sentindo ao trocar conversas, ao estar ao lado. Você logo percebe que não é casual – principalmente se ainda não aconteceu nada e você fica esperando impacientemente até ver a pessoa de novo. Você começa a perceber sinais; sinais de que ela também está interessada em você, mas isso não te empurra prontamente para uma ação com medo de estragar; deixa em um tipo de banho-maria que faz essa atração uma vontade meio incontrolável mas ao mesmo tempo gostosa também. É estranho e pode ter desviar de pensamentos fortes que você já tinha bem estruturado em sua cabeça. E, mesmo com os sinais, você se sente repreendido pelas eternas perguntas de se daria certo – quer dizer, dependendo de sua personalidade, mas ao menos comigo é assim nesses casos. Não é como se você fosse ficar com a pessoa em uma festa qualquer influenciado por álcool, e sim você se imagina ficando com ela embaixo de uma árvore em um dia quente de outubro. Ou perto da areia observando o mar. Não é do meu feitio falar ou sentir esse tipo de coisa, mas, quando acontece, me sinto renovado por um tipo diferente de energia. É perigoso também, atrações platônicas são complicadas pelo motivo de não haver um caminho na sua frente concreto com essa pessoa, apenas em sua cabeça – quer dizer, o que você quer que aconteça. Te pega de surpresa, porque nesse tipo de atração não é necessário manter conversas longas para tê-la, é apenas algo que você sente de cara e pronto. Dependendo de como ela se desenvolver (e é aí que entra tais conversas) tal atração dura um bom tempo ou vai se esvaindo com o surgimento de novas pessoas no seu cenário pessoal. Também é meio fora do seu alcance; você pode fazer algo mas fica meio que no acaso de esperar a oportunidade certa.
Já tive diversos pseudorelacionamentos desse tipo, e alguns se desenvolveram, outros não. Os que se desenvolveram me levaram a ótimos momentos e sentimentos que nunca pensei que iria sentir – independência [pessoal] do resto do mundo é um de meus traços, que são destroçados às vezes por tais atrações. Um deles em especial foi particularmente marcante, pois cometi um erro pelo qual fiquei me castigando por um bom tempo – e qual me fez regredir quando o assunto é namoro, coisa que já sou bastante atrasado. Não que ache que esse que acabou de surgir seja um caso como tal, as circustâncias são diferentes, a pessoa é completamente oposta à anterior e estou muito mais blindado emocionalmente para passar por tudo aquilo de novo. Mas de vez em quando me pego confundindo as coisas, como se tivesse me traumatizado pelo evento anterior, quase como se estivesse me levando a mesma coisa. Mas não é assim nem se desenvolverá daquele mesmo jeito, não há possibilidade. Mas não é como se eu pudesse pular fora, de nenhum dos dois, a qualquer momento – mesmo com toda essa blindagem (na verdade, ignorância) de sentimentos.