in love with a feeling

Se foram as semanas, se foram as idas até o terminal, se foram as tardes cheias de expectativas - e a expectativa no geral se foi junto. Mas o encanto ficou; na verdade, ele parece estar em um ascenção desde que ele invadiu. A instabilidade que resultou em intensa bipolaridade parece estar indo embora, mesmo que aos poucos. Algumas coisas ficaram mais claras mas ainda estou muito confuso e perdido, ainda que as paranóias se amainaram. Concordo que estou apaixonado por alguém, mas talvez esteja ainda mais apaixonado pela sensação de estar apaixonado - sensação de querer, de ansiar, de sentir ciúmes, de ficar bobo. Ameaça meu egocentrismo o que vou escrever, mas preciso de alguém ao meu lado. Ao meu lado para confessar, para rir, para dormir junto, para cair no mar, e até para eventualmente brigar. O que eu tinha que, pensando bem, era um pouco próximo disso, acabou por diversas razões, razões essas que nem decifrei por completo ainda, ou analisei direito a culpa.
Vejo agora o quão absurdo - e até, por um lado, imaturo - foi construir todos meus relacionamentos com o expoente da casualidade, o que sempre os minou de limitações. Não sei quase nada de namoros, o que sei são ínfimos detalhes, e o maior relacionamento que posso decididamente chamar de namoro durou menos que três meses (ótimos meses, diga-se de passagem) - e, é, relacionamentos fixos são anos luz diferentes de um namoro. Vendo pelo lado positivo, porém, foi legal conhecer tanta gente nova, descobrindo tantas coisas novas e curtindo tanto; de certa forma entendi o que precisava para minha idade, e o que precisava não era algo sério que não fosse conseguir corresponder ou me manter por falta de maturidade ou mesmo por não ser o momento certo. Mas me pergunto quando finalmente vou conseguir engatar algo com alguém (não que eu acredite naquelas comédias românticas absurdas com um "lindo" final). Pode ser meio cedo para eu me fazer essa pergunta, mas me sinto, em um estado prolongado, bastante carente, já não convivendo tão bem com minha induzida solidão. Essa situação me fez ver diversos outros panoramas que nunca tinha ou me interessado ou sequer sabia da existência, o que é bastante benéfico.
Queria conseguir pronunciar, em alto e bom som, que estou apaixonado e por quem estou. Porém é intrínseco da minha vulnerabilidade não deixar - mas o extremismo as vezes é tão delicioso...
Espero que tudo volte à como era antes e que a amizade se preserve, como parece que vai acontecer, é só uma questão de tempo. E é só porque estar com você é tão bom para mim, meu humor muda com uma austeridade incrível. Não estou esperando por você, mas caso você queira vir... pois é.

Citação: Babyshambles - In love with a feeling

2 observações:

Amanda disse...

que LINDO! adorei toda sua descrição das coisas, achei muito bem escrito e também gostei muito desse contraste que vc construiu das coisas. otimo blog

Anônimo disse...

É divertido ler os posts iniciais e estes últimos e perceber a brusca mudança ideológica. No início, reverbera um ideal narcisista no qual a sociedade consiste de espelhos onde você busca falso prazer na monotonia, sugando divertimento do "coletivo cego" sem nada em troca, fora sarcasmo seco e não-inspirado. Agora se vê (lê) preocupação orgânica, vontade de compartilhar -- ou melhor: antes a vontade era de ter, agora a vontade é de ser. Mas sucumbir a essa vontade é internamente embaraçoso e, por algum motivo, "fraco". Seria ver o mundo como algo além de um palco abarrotado de manequins vazios "irracional" e "simples"? Ou é o egocentrismo a resposta final, a verdade superficial mas única?

O único erro é perceber a dualidade como uma anormalidade, enquanto o equilíbrio, sim, é o instinto errôneo. A dualidade é a febre, a realização da vontade e a liberdade do status quo -- do equilíbrio, que representa a maçante estagnação, um inverno da mente. A dualidade, o conhecimento (surgido da dúvida); o equilíbrio, a ignorância (surgida da morosidade).