you're a delicious, come and feed me

Quase onze horas da manhã. Droga, acordei atrasado mais uma vez e vou chegar mais uma vez atrasado em casa. Não que isso me incomode muito, afinal, acordei com vista para o mar e ainda com alguém para quebrar a hipotermia natural do inverno. Passamos uma noite ótima em companhia da areia, do oceano e de algumas garrafas de bebida apenas para depois assistirmos um filme qualquer dos anos 60 na televisão pelo fim da madrugada. Alguns goles de vinho, algumas palavras quebradas, alguns cigarros e travesseiros confortáveis. Ambos já estávamos, naquela altura, rindo de qualquer coisa que poderia aparecer na nossa frente, então tudo estava agradável e natural - como sempre fora, na verdade.
Para falar a verdade, nosso relacionamento sempre foi baseado em algumas simples palavras que algumas pessoas não conseguem entender: casualidade, diversão e (em certo grau) companheirismo. Tudo, entre nós dois, seja em uma festa qualquer ou seja em seu quarto ou minha sala, sempre ocorreu de um modo natural e sem muitas delongas, e também sem preocupação. Você concordou com esse tipo de relacionamento e, atualmente, é o único tipo de relacionamento afetivo no qual eu estou disposto a me enrolar. Felizmente somos parecidos nesse panorama de parâmetros amorosos e conseguimos separar uma coisa da outra.
Eu sei muito bem separar coisas, sou tão bom nisso que às vezes me torno maníaco por isso - fruto de uma personalidade menos flutuante e mais realista, bastante realista na verdade. Não sinto necessidade de namoro, não sinto necessidade de um relacionamento fixo, para falar a verdade nem sinto necessidade de ter alguém ao meu lado sempre - para ser mais realista, vamos dizer assim, preciso, primeiramente, de mim mesmo e de alguns momentos sozinhos porque sem esses fico no limitrofe do estresse. Porém, atualmente, sinto uma necessidade maior (e crescente, diga-se de passagem) de pessoas. Não de pessoas ao meu redor, mas de determinadas pessoas em determinados lugares. De você, você com quem comecei meu texto, adoro dividir momentos - porque eles são despreocupados, sem drama e deliciosos. Seja dividindo uma garrafa de vinho chileno, um ham (só você vai entender), um cobertor ou um Carlton branco, tais momentos são marcantes. Não pretendo abandoná-los mas adoraria deixá-los como estão atualmente, sem evoluir para nada a mais (e sei que tu vai concordar com isso plenamente): despreocupados, leves e sem compromisso.

Citação: música do Semisonic, Delicious.

0 observações: