quase hipocrisia

Não consigo mais entender muitas coisas, não como eu as fingia entender. Antes tinha em mente que era tudo plano e sem muitos mistérios, que as pessoas fantasiavam e idealizavam tudo demais, não entendia como elas aguentavam tanta ficção. Essa visão unidimensional das coisas está se provando totalmente errada, ao passo de todo o resto. Isso ilustra a percepção de que nunca soube muito bem como lidar com as outras pessoas ao meu redor e seus modos de pensar e agir, e não gosto nem um pouco de sentir grande frustração advinda dessa inabilidade.
Me sinto perdido e confuso, mas talvez me sinta, principalmente, sensível. É, definitivamente; me sinto sensível e propenso à instabilidade. Corroborei minha ideologia pessoal com a vulnerabilidade que me invadiu e [ainda] sinto como se sempre estivesse distante de todos e que nunca vou ter algo real [e que funcione] com alguém. Já me senti assim antes e é difícil transpôr tais sentimentos em ações, primeiro porque há uma barreira imperceptível que me deixa involutariamente retraído e segundo porque as pessoas simplesmente parecem muito complicadoras para um envolvimento. Tal ponto de vista mudou extremamente nos últimos tempos, porém ainda assim não tenho um comportamento condizente com essa mudança. Essa falta de crença na complexibilidade de meus relacionamentos agora se volta contra mim; e não da forma de alguém e sim na forma de pensamentos contraditórios.
Eu estava bem antes, talvez imerso em uma sensação superficial de bem estar, mas... já livre de qualquer peso que adquiri. Porém fui atingido por algo - alguém, dessa vez - inesperadamente, e de um modo inimaginável. Pode ter me tirado desse estado de bem estar porém me fez ver as coisas por um prisma novo e deixou oportunidade para uma mudança de atitude a longo cobrada por algumas pessoas que convivem (ou conviveram) comigo. Não vou - nem quero, de modo algum - mudar minha essência, mas quero ficar próximo das pessoas, e as pessoas com as quais eu tinha verdadeiramente mais proximidade foram afastadas de mim... o que dificulta ainda mais as coisas. Com esses amigos aprendi a, aos poucos, como me aproximar de alguém, e com eles dividi confissões profundas e momentos inesquecíveis. São as coisas pequenas, sabem. Sempre me apoiei um pouco nessas coisas pequenas - um simples toque, o modo que sorriem para mim, o modo como as palavras são ditas. Nunca fui do tipo exagerado - demonstrações grandes de afeto sempre me pareceram muito forçadas.
Depois de um bom tempo recusando a fórmula limitada do compromisso, agora me vejo ansiando por apenas uma pessoa, ao ponto de não conseguir pensar em mais ninguém - no sentido da atração. Estou assustado e instável, quase que inflando uma paranóia sentimental que nunca tive e nunca pensei que teria. Estou bem por isso... pena que implica desestruturar outras coisas que são de suma importância.

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