da maneira que conseguimos

Passei nas últimas semanas por um intenso processo de afastamento. Afastamento de pessoas, de ideais, de rotina, do estudo. Estou completamente abismado pelo grau de afastamento que obtive de pessoas que sempre foram muito próximas a mim e que, na verdade, eram as únicas pessoas para as quais eu abria meus sentimentos. E o que mais me surpreende é que, mesmo que eu esteja gastando mais do meu tempo dentro da escola, na verdade me afastei de grande parte das pessoas de lá. Estou terrivelmente sensível e, quando alguém me irrita ou me machuca de algum jeito, tento não protestar para evitar conflitos desnecessários - já que, como opinião forte e teimosia são características minhas, o conflito iria provavelmente se estender. Porém, ao não protestar, consequentemente me fecho, o que provoca o afastamento. Estou enjoado do moralismo, porque como a moral é algo pessoal, então ela varia de acordo com a pessoa - o que faz com que isso me atinja, já que seguindo tal raciocínio outras pessoas não terão o mesmo pensamento que eu e isso me irrita. Dessa vez não é [só] uma questão de egocentrismo, é de sensibilidade também. E na verdade sempre achei pessoas moralistas demasiadamente como insuportáveis e despejáveis.
As pessoas que eu julgava mais bem me conhecer (e realmente é fato consumado) me cobraram mais atenção e não perceberam que meu calendário não é flexível e eu tenho compromissos que realmente preciso cumprir - ao contrário deles. Não que eu esteja criticando eles - sim, eu não me afastei só por causa da escola, mas foi algo involuntário - porém eles demoraram à entender meu lado (logo quem deveria ter entendido mais rapidamente, ainda mais porque já passamos por isso antes no ano passado). Mas isso não vem ao caso também, porque entendo eles e seus motivos.
Sempre fiquei muito bem com minha solidão. Não necessito de pessoas ao meu redor - pelo contrário, fico irritado com muitas. Gosto de atenção, também de ser o centro das atenções de vez em quando, mas não necessito disso. Não me sinto bem correndo atrás das pessoas pela vulnerabilidade que isso envolve, mas sempre que recebo respostas positivas ao fazer tal coisa fortaleço a idéia de que exposição pode ser benéfica. Sou bastante sociável porém tenho dificuldades absurdas para me aproximar de alguém, e na outra linha facilidade para me afastar - não gosto de depender dos outros (na verdade, odeio, abomino), talvez por isso se aproximar seja difícil, pelo medo da dependência. Agora me vejo com independência arrasada; me vejo no meio de algo complicado e no meio de uma decisão que ainda não tomei. Estou me segurando porém minha impaciência está asfixiando a espera - que acho necessária no momento.
Quero me reaproximar de quem me afastei e que tanto gosto. Quero voltar a ser quem eu era com as pessoas com quem estava. E escrevo isso da casa de um velho amigo que está choramingando o tempo todo desde que cheguei o porquê do meu afastamento. Estamos bem de novo e surpreendemente hoje não está sendo difícil driblar a infantilidade dele. Depois seguiremos na madrugada para o trapiche e dividiremos conversas e cigarros ouvindo as ondas batendo na grossa areia da praia. E a nostalgia batendo forte permeada por músicas do melhor estilo trilha sonora.

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