conversas permeadas pelo álcool e pela noite

Pelo começo da noite do domingo passado estava na beira do mar conversando com uma amiga, ambos sobre influência do álcool. Conversávamos sobre o futuro, sobre falhas nos relacionamentos e sobre hábitos que havíamos adquirido. Ela é três anos mais velha que eu porém dividimos opiniões parecidas, apesar de personalidades distintas. Estávamos jogando pedras ao mar e tive uma das conversas mais sinceras que tive nos últimos tempos. Ela disse algo interessante com o qual me identifiquei no instante: 'acabo transparecendo minhas falhas em relacionamentos com grosseria e ataques sobre os amigos' - de modo que, ao assentir com identificação, respondi: 'e ninguém consegue entender'. Falamos sobre o mecanismo de defesa pelo qual somos invadidos ao se afastar de pessoas nas quais confiamos devido aos relacionamentos quebrados e problemáticos pelos quais passamos.
Nos auto indagamos sobre nosso futuro, sobre a chegada das responsabilidades, sobre a ideologia que tanto nos permeia e nos conduz na adolescência e vai se esvaindo com a triste realidade do adulto. Machuca pensar que isso se transforma em uma realidade - sempre aquela realidade mitigada - ao passo do envelhecimento. Nossos ideais são traídos pelos fatos que somos obrigados a engolir; nossa paixão pelos nossos arredores vai sendo traída por nós mesmos quando fazemos uma fatal pergunta: vale a pena? (...) É interessante pensar que sempre vale a pena ter idéias próprias, ser independente, recusar ignorância. É interessante também notar que é difícil ter idéias próprias, simplesmente porque idéias próprias não são coletivamente aceitas muito menos encorajadas. É um plano de fundo forjado o nosso, mas aprender a se adequar é essencial, mas talvez não tão essencial quanto ter idéias próprias - pela simples vivência que tiramos disso quando temos.
Também discutimos tais falhas em relacionamentos, onde comentei que meu egocentrismo me levou a se sentir frustrado com a outra pessoa por ela não ter os mesmos pensamentos ou funcionar do mesmo modo que eu funciono. É extremo, eu sei, mas foi assim. Isso misturado com medo de seguir em frente que quebrou todos os relacionamentos sérios que tive - nenhum terminou de um modo agradável, até o momento. Relembro com carinho e sem nenhum ressentimento todos eles, e sei que todos valeram a pena, e felizmente causaram mudanças que teriam de ocorrer em dado momento. E essa frustração às vezes era demasiadamente insuportável e eu tinha que me afastar. É difícil ao extremo para mim lidar intimamente com pessoas diferentes, é por isso que sempre preciso de um tempo sozinho, e não digo isso num sentido dramático, mas apenas porque é natural e necessário esse equilíbrio para mim.
Mas, voltando ao assunto central, entre eu e minha amiga, adoro nossas conversas porque ela é uma das pessoas mais maduras (da minha faixa etária, digo) que já conheci. Essa tal amiga tem opiniões próprias, é inteligente, lê bons livros, ouve boas músicas. E, apesar de estar em um momento da vida diferente do meu, é sempre bem vindo dividir com ela um expresso e um Lucky Strike. É o tipo de momento que valorizo, e certamente esse, onde nós dois estávamos sentados numa pedra no quebra mar, observando a lua e as estrelas e tentando ignorar a terrível música que tocava alto da tal marcha, que me faz ver que é preciso ignorar todas as minhas frustrações que acabo colocando sobre pessoas que adoro, para apenas curtir bons momentos com elas.

2 observações:

luanna toll disse...

quero confessar todo o meu amor por ti
dizer que as noites que dividimos
foram de extrema importância para mim.
dizer que de todos que já conheci
tu foi o que mais significou
e significa até hoje.

nunca se esqueça, porque eu nunca irei.
te amo, remador.

luanna toll disse...

oh, bem...
a manhã vai vir e espero continuar ao teu lado.
e... que venham outras ainda ao teu lado,
porque tu me fez ver tudo tão diferentemente...

<3