desconstrução do rótulo

‘I don’t follow these fucking labels, for anything’ Maurice said, in a strong decided voice. ‘I don’t like men or women… I like people. I don’t care if it has a penis or a vagina, I just like it what I like. I like a person that happens to be a boy, ok, whatever. I fuck someone that happens to be a woman, the same thing you know. And I strongly believe that human nature is like this, if everyone allowed themselves to explore their own sexuality – and human sexuality is richer than Bill Gates – I’m sure we’d have a lot more of boys to explore ourselves’ he said, letting go a laughter, while Gabriel gave a smile in agreement. It made perfect sense. ‘But humans are so fucking stuck to these damn labels you know, actually, society makes us swallow their fucking pre-established concepts about everything and most of us follow society blindly. This system is so fucking stupid you know. There’s no democracy, there’s no freedom. Everything is based in some ridiculous laws who are nothing but distorted morals, and no exceptions for our country, because sadly it’s a worldwide secular thing. Pre concepts are natural of the human being, but not like this you know’ Maurice said, getting excited with the interested face Gabriel had in that moment. Maurice was a brilliant dude and loved sociology, philosophy and history – no wonder why he smoked so much weed – and Gabriel, despite being immature and a little messed up intellectually, loved to hear Maurice speaking. ‘I mean, what is so wrong with homosexuality? You like your same gender, so what? Is that an offence to a humanized God that nobody knows that even exists? Shit dude, it’s so stupid, and people are that alienated to buy this idea. And from a Presbyterian old lady to a bottom gay smoker – no pun intended – we are all really alienated. It’s sad and kind of difficult to think about it, because it just gets deeper and deeper and more worrying, but I do believe is true. You take your conclusions’ he said, giving a sympathetic smile to Gabriel. Maurice found Gabriel an extremely charming young boy but do restrained some stuff due to Gabriel’s fame of the industrial process that his boyfriends-of-the-week got through. It was almost like if Gabriel followed Henry Ford in his mass-production theory, but in this case was perfectly adapted to the relationships. The both of them were on a massive hungover of last night, and wine was a great way to cure hangovers.
In the end, and looking a bit around, you could say that everything Maurice said made perfect sense. And it actually did.

roteiro de um filme que termina

Essa sucessão de ótimos momentos ao seu lado me dá uma inexorável e brutal certeza. Os ótimos momentos que parecem só ser mais e mais valorizados e aproveitados me deixa até com um certo medo do meu estado após sua partida, que cada dia fica mais próxima. É complicado transcrever isso em palavras, até porque nenhuma delas são necessárias para fazer um momento incrível ao seu lado, porém sei que as palavras vão vir depois como terapia - como de costume.
Não faço o estilo utópico, mantenho-me o máximo possível com os pés no chão. Porém, parafraseando alguém, tenho a mania do extremismo em questões internas, mesmo que eu me exponha inacessível. Há algo de errado nisso, e acaba sendo uma maneira inconsciente de equilibrar e eqüivaler minha frieza e minha capacidade de ser sentimental. Tento mudar essa situação, mas, querendo ou não, é uma característica da minha personalidade. Ando pensando demais em uma pessoa, ao ponto de esquecer as novas que apareceram, porém, como não sou do tipo de dramatizar, apenas tentarei passar o tempo que conseguir ao lado dela antes de sua partida. Novas pessoas aparecem o tempo todo - a própria pessoa em questão foi um relacionamento após outro que estava indo para um caminho errado.
Adoro estar com alguém. Ao lado de alguém, dividindo momentos, carícias e conversas, porém não gosto do compromisso. Gosto do sentimento. Não vejo sentido em desgastar algo que é tão gostoso com amarras que só servem para status, ou por insegurança. Não estou com alguém para ela ser minha seguradora, estou com alguém por gostar de ficar ao lado dela. É simples assim - na verdade, é muito simples. O que é complicado é o adeus, que está chegando, numa irreversível contagem regressiva - irreversível, não mortal.
No fim, é tudo muito cíclico; se perpetua em estágios. Em dado momento você quer ter uma pessoa para si. Em outro, várias. Em alguns (relativamente raros), ninguém, apenas ficar sozinho. É natural, e é certo que, no meio de bilhões de pessoas, não existirá apenas uma que iremos gostar. Talvez apenas poucas que marcarão, e poucas entre todas que realmente sentiremos algo... mas, ainda assim, há muito para ser descoberto e como descobrir e conhecer é meu maior amor, não tenho medo de perder alguém. Ainda assim, eu gosto da estabilidade. Tenho relacionamentos estáveis, abertos, com mais de uma pessoa - claro que correndo o risco de perdê-la a qualquer momento (mesmo sabendo que não vou, não dessa forma, não de uma hora para outra), mas, como argumentei anteriormente, não fico com pessoas para depositar minha insegurança nelas. Estou com elas para aprender, para conhecer, para curtir, para aprender. Não para jurar, para me amarrar, para sofrer, para me acomodar para me desgastar. Não, não vou morrer, minha vida não vai parar, pelo contrário, é mais outro novo estágio. E desde quando saudades é estritamente ruim..,. ainda mais quando vem acoplada a mudança.

Citação: Death Cab for Cutie - A Movie Script Ending

qual é a sua estrada, cara?

Qual é sua estrada, cara? - a estrada do cara sagrado, do cara louco, do cara arco-íris, do cara dos peixes, qualquer estrada... é qualquer estrada para qualquer um de qualquer forma.
On the Road, Jack Kerouac

Pode soar como algo cliché, mas talvez seja menos batido do que falar sobre relacionamentos - ao menos nessa esfera da escrita.
Acho intrigante, instigante, agoniante, até irritante, pensar sobre o quão frágil é nossa vida. O quão tênue é a intensa linha que separa nossa vida do fim da mesma, e o quão pouco acabamos levando isso em conta. Quer dizer, mesmo sabendo que, a cada segundo que se passa, a cada rua que atravessamos, a cada decisão que tomamos, o risco de tudo acabar é inerente. Se não atravessarmos nenhuma rua ou tomarmos nenhuma decisão é aí que fica perigoso, pois é onde tudo acaba ficando sem sentido e inútil, porque é onde não aproveitamos essa chance à viver que recebemos na concepção - e sim, o seguro é sinal de comodidade, e comodidade é sinal de desperdício. Pode parecer alguma viagem idiota - o que, ao menos para mim, definitivamente não é; posso passar horas pensando nisso, e pode me levar a loucura, mas equilíbrio tenho de sobra.
No meu ponto de vista, uma busca pelo conhecimento [e por diversos pontos de vista que ele trás, e pela experiência que vem acoplada] e a incessante vontade de se tornar um espírito livre (e, por mais que se tente, ninguém verdadeiramente o é - ainda que seja possível ser algo próximo a isso) é algo que faz todo esse risco valer a pena. É algo que trás sentido a toda essa tortuosa e às vezes perfeitamente conturbada estrada que seguimos, firmes de que vamos chegar em algum destino idealizado. Talvez esse destino nunca chegue - até porque idealizar é perigoso e [pode ser] danoso ao extremo - mas ao fim em algum momento a estrada chegará.
Não é minha intenção escrever algo mórbido, muito pelo contrário, meu objetivo central é um ode à vida e suas várias personificações, diferenças e rumos que ela constrói. Acho incrível. Incrível toda essa paisagem, paisagem de pessoas, da natureza, de construções, é incrível. Em qualquer lugar. É só olhar em volta. Entre nós, todo esse companheirismo que se forma entre as pessoas - primariamente entre a tão importante família (seja ela de qualquer tipo).
Talvez o medo que nossa sociedade tenha pela morte consista ou na precocidade de alguns óbitos ou de cair sem ter toda sua estrada percorrida - um acidente de percurso, ou seja, sem ter feito tudo o que se queria fazer. Manter a mente aberta é essencial, sem mais. É assim que ficamos próximos do vôo que tanto angustiamos por dar. E não digo só no sentido sexual, é muito mais profundo. É muito intricado, e difícil até de se pensar, pois mexe com muitos sentimentos ao mesmo tempo.
Mas quero uma estrada de todos os tipos possíveis, todos ao meu alcance.

sexta azul

Como é a sensação de me tratar do jeito que você me trata?

Quando você pôs as mãos em mim

E me disse quem você é

Pensei que estava enganado

Pensei ter ouvido tuas palavras

Me diga como eu me sinto

Me diga agora como eu me sinto


Aqueles que vieram antes de mim

Viveram suas vocações até o fim

Do passado até sua compleição

Eles não virarão mais as costas

Eu ainda acho tão difícil

Dizer o que preciso dizer

Mas tenho total certeza de que você vai me dizer

Exatamente como devo me sentir hoje


Vejo uma embarcação na marina

Eu posso obedecer e obedecerei

Mas se não fosse por sua infelicidade

Estaria me sentindo absurdamente bem hoje

E eu pensei que estava enganado

E eu pensei ter ouvido você falar

Me diga como eu me sinto

Me diga agora como eu me sinto


Agora estou aqui, em pé, a espera...

pensei que tinha dito a você para me deixar

Enquanto desço a pé até a praia

Me diga como é a sensação...

quando esfria o seu coração, esfria...


música do New Order, Blue Monday

look how he dances

Me arrependo de não ter ido aí te ver. E muito. Perdi dois dias extras que teria antes de você finalmente ir, e, depois de passar quase duas horas no telefone conversando sobre coisas tão bobas como conversávamos antes, bem no início, aquele delicioso início que principiou nossa relação, um sorriso acendeu ao meu rosto quase que instantaneamente, e por pouco não acompanhou lágrimas. As saudades que estou sentindo de estar ao lado de alguém que, acima de tudo, foi meu amigo e me amparou nos momentos que mais precisei não vão ser traduzidas aqui por palavras. Talvez quando eu te ver outra vez e puder de dar quantos abraços e beijos quiser até tu ir embora, talvez aí eu consiga transcrever. Mas certamente não vão curá-las, muito menos vão curar as que vão advir quando você finalmente passar o tempo que precisar fora daqui, suprindo sua necessidade de experimentar, conhecer e admirar todo esse mundo gigantesco.
Aprendi bastante contigo, e minha memória se enche de ti. Passei a não só admirar o que você admira, mas, a te admirar. Mas sei, e sempre tive isso em mente, que relacionamentos são passageiros. E com cada transição de um para outro, tomam-se lições.

he brings the light...
and he catches me again.

Citação: Kasabian - British Legion

vento no litoral

Ia ficando cada vez mais estranho, cada vez mais subversivo e bizarro, ao passo das descobertas que ele fazia acerca da real natureza do relacionamento extenso e cansativo que ele acabara de desfazer. Ele estava ali, sentado, sozinho, olhando diretamente para o mar, porém sem achar significado algum naquele cenário - algo raro, era quase como um santuário a praia para ele. Não havia muitos ao redor, talvez um grupo de turistas tirando as fotos que grupos de turistas sempre tiram, talvez uma senhora idosa fumando seu cigarro de palha, talvez um pré-adolescente pichando uma das barreiras de contenção perto do fim da praia. Ainda assim, a movimentação parecia nula para ele, não havia ninguém, não havia fluxo algum. As águas estavam calmas, a noite se aproximava rapidamente e a temperatura caía vertiginosamente. Já era possível sentir as rajadas de vento típicas do outono, e aquele clima meio úmido e gelado que anuncia a partida do verão, que parece interminável. A noite ia se aproximando, e o céu, com as nuvens antes dominantes agora se dispersando, adquiria tons rosados. A garrafa de vinho branco que havia comprado se liquidara a apenas outro gole, e o álcool não fora suficiente para afastar a sobriedade de sua irritação.
Tinha que ir para casa, voltar para a rotina. Se sentia cansado, não com sono, apenas cansado, exausto. Sabia que tinha que colocar um definitivo ponto final, queria isso, mas primeiro tinha que se desligar totalmente das amarras que o deixaram grudados inconscientemente naquela relação doentia, que mais parecia um ritual de obrigações do que um namoro. Sabia que tinha que executar um fim a esse absurdo todo, e agora já tinha certeza que iria conseguir - foi motivado pela percepção do que estava ao seu redor, quando, bruscamente, sua concentração na delineação da água pelo vento foi quebrada por um cachorro, que roçara em nele clamando atenção. Após fazer algum carinho no cachorro, reparou na senhora acendendo seu cigarro, nas crianças brincando na areia da praia, nos turistas alegremente pedindo informações a um nativo desconfiado. Havia algo em todas aquelas pessoas que o rodeava que o fascinava; talvez fosse a linha do tempo que persegue a todos nós... e era isso que o dava a certeza de que não valia a pena continuar tão preso.

Citação: Legião Urbana - Vento no Litoral

a linha começa a diluir-se

Talvez não seja tristeza, ou solidão. Vai ver nem é a escola, e, caso tenha seja parcialmente culpada, certamente não pode receber toda a culpa. Mesmo não suportando mais entrar naquele lugar e observar a manhã transcorrendo sempre do mesmo modo, tem algo além disso que me deixa nesse estado tão irrepreensível de desânimo. Não estou nas minhas normais condições de se socializar ou de conversar com um amigo, me sinto mais seguro sozinho e não consigo entender o porque disso e como passei daqueles sentimentos tão agradáveis e otimistas para esse, tão amargo. Vai ver quando eu descobrir já vou ter mudado de humor outra vez.
E a previsão de outro dia de aula amanhã não adianta em nada essa mudança... mas, acho que o que anda faltando é um motivo para acordar, algo animador e que me deixasse ansioso por outra coisa além de chegar no meu quarto. Eu tinha isso, e passou por mim. Talvez só quando isso finalmente reaparecer a tal "vontade" volte também.
Enquanto não vem, prefiro encher minha mente com leituras e conhecimento do que ficar preso à essa melancolia - e não números, e sim letras. O que vou aprender com números, no fim das contas?

Citação: Nine Inch Nails - The Line Begins to Blur

e é quando você sabe

É muito difícil atribuir nome à sentimento. Especialmente para mim, eu que tomo todo o cuidado ao utilizar essa estranha e confusa nomenclatura - prefiro até não atribuir nomes, ou então atribuir os mais genéricos, especialmente abertamente. É perceptível uma triste tendência no uso indiscriminado e errôneo dessas palavras, com tudo sendo muito banal e sem verdade para o meu gosto - já caindo no cotidiano, ao passo em que o significado real dessas palavras se perde. Não vejo sentido em falar e bajular todo o momento, porque acaba incomodando.
Mas, talvez eu tome cuidado demais.

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Ando com saudades absurdas de alguém que foi parte constante dos últimos meses, com quem tive um relacionamento tão aberto que me permitiu me sentir a vontade para falar sobre tudo com esse alguém e com quem passei momentos tão bom que me trazem um sorriso toda vez que os lembro.
Agora essa pessoa desapareceu do cenário. E, mesmo voltando em breve, pouco depois ela parte, e não para outro estado ou algo do tipo; parte para uma ilha distante da minha em mais de 11 mil quilômetros.
Você funcionou como um amortecedor para tempos insuportáveis, e, logo agora, logo quando entrei em uma fase transitória da qual não consigo escapar, quase como uma crise de identidade [ou seja lá o que é isso] por entre a tosca e absurda adolescência, você não está e não vai estar fisicamente ao meu lado quando eu precisar de uma daquelas noites com vinho e filmes.
Quando firmamos um acordo de não compromisso - que, pela natureza de nossas personalidades, foi algo fácil - nunca pensei no lado do compromisso sentimental que iria adquirir pela convivência e tudo mais. Agora, compulsivo por saudade e ocupando minha mente com lembranças de nossas escapadas sei que criei um tipo de compromisso - que talvez seja até difícil de me desvencilhar.
Me apaixonei por voce meio sem perceber. Meio que seria impossível não ter se apaixonado, e, foi algo tão sem drama e um relacionamento tão agradável e gostoso... tive com você o tipo de relacionamento que sempre idealizei. Meu único arrependimento é não ter matado mais aulas para tomar um café com você, não ter reservado mais tempo, não ter saído mais noites para ficar ao seu lado.

the cold air will rush your hard heart away

Erramos ao procurar. Erramos ao criar obstáculos. Erramos ao evitar e acabamos errando também ao forçar. Erramos - e isso acaba sendo a regra básica, necessária e geral para o caminho que traçamos. Quando sentimos que erramos ao olhar para trás e perceber que o caminho poderia ser diferente, o erro pode ser falso pois trouxe experiências diferentes [e boas]. Não sei se errei, sei que me sinto perdido e meio sozinho, como se tivesse deixado passar momentos e pessoas que me faziam sentir tão bem e acolhido. Não que não possa achar outras - ao passo em que deixei umas passar, acabei criando oportunidade para outras surgirem [e irem de novo] -, mas não sei se a escolha de continuar descompromissado e até displicente foi de tanta recompensa quanto seria a de se entregar um pouco mais. O clima está amainando para o outono e a ansia por alguém ao meu lado aumenta e choca-se com um estado transitório que nunca parece transitar.
Não estou procurando, não pretendo criar obstáculos ou evitar. Forçar é inerente à vontade de não fazer nenhum dos três primeiros, mas ainda assim, tento manter meu espírito livre. Sentimentos convergentes e controversos entre si criam um contraponto nesse ínicio de aulas e volta de uma temporada de muita gente nova e agradável, aonde pude resolver-me um pouco de toda essa confusão - porém [eu sei que] ela volta junto com o vento do inverno.

Citação: Death Cab for Cutie - Photobooth

como reagir ao seu lado?

É uma tese bem aceita pela crença popular que as pessoas nascem com uma predisposição para certa atividade. Alguns, para certo esporte, por exemplo. Outros, por ciências exatas. Alguns por pessoas. Venho recebendo pistas suficientes para me convencer de que a predisposição de lidar com pessoas não é uma das que acompanham, ao menos não naturalmente. É fácil para mim fazer amizades, desenvolver conversas [que com freqüência terminam em discussões pela minha falta de tolerância com opiniões opostas as minhas], até aprofundar relacionamentos interpessoais. Mas existe um certo limite para meus relacionamentos. Não sei reagir a confissões, não sei comentar com naturalidade um sentimento por outro alguém, não sei como responder a algo bonito que me dizem - mesmo sentindo algo parecido. Não sou espontâneo quando o assunto é pessoas. Não me vem como impulso - e, quando quero dizer algo a alguém, treino até já não ser algo que vá dizer com naturalidade, e sim algo ensaiado, beirando a falsidade. Preciso ensaiar meu impulso, deixá-lo fluir. Vai ver não nasci para pessoas, vai ver é solidão [não necessariamente num sentido negativo] o que me conduz e os outros acabam atrapalhando. Ainda assim, me recuso acreditar nisso.
É frustrante dar como resposta a alguém por quem sinto certa afeição uma assentida ou uma leve mudança nos lábios. Talvez a pessoa até perceba, mas falta algo. Eu sei que falta porque, se até para mim falta, imagina para a outra? O que me deixa ainda mais frustrado sobre toda essa situação é que já tentei mudar - superficialmente, mas tentei. Porém as vezes percebo, mesmo com desconfiança, que é um traço basicamente irreparável da minha [quase] gelada personalidade. Me chamam de frio, dissimulado. Frio não sou, dissimulado não completamente. Talvez possa transparecer os dois, principalmente para os mais externamente sensíveis [adendo: eu sou sensível, e muito, internamente], mas acho que se eu conseguisse transportar parte dos meus sentimentos como gestos e palavras ditas, não mencionariam tais conclusivos e errôneos conceitos sobre mim. Em geral não me importo muito com a opinião alheia [na verdade, é raro eu me importar com a opinião de desconhecidos], porém sei que esse tipo de retração me afasta de muitos, e já me afastou de tantos... não é desistência, não é falta de vontade. É só algo que não me é natural. Não peço que todos entendam isso, mas acho que quem me conhece deveria levar em conta. Bom, essa nem era a premissa do texto, de qualquer forma.

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E como deveria funcionar quando eu começo a gostar de alguém? Como eu deveria reagir ao seu lado, se é que há forma correta, como se eu conseguisse arquitetar e planejar algo, prevendo todas as possíveis falhas e acertos [como é de costume próprio] ao ficar olhando para você e curtindo sua risada. Não sei se existe fórmula correta - na verdade, sei que não, e nem vou me estender nesses provérbios românticos ridículos e sem nenhuma noção realista [mesmo sentindo certa vontade] aqui. Até porque estou apenas gostando de você, sem nenhuma carga. Queria ficar mais perto de ti, e, quando estivesse perto, me sentir realmente próximo. Mas, bom, é só o início - e ainda tenho que descobrir como administrar isso com uma amizade.

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Me sinto bem e ao mesmo tempo perdido. Sinto que estou indo pelo caminho certo, mas ainda assim falta algo que agora parece tão inexoravelmente necessário, algo que nunca antes precisei.