somehow it has become unmentionable

Poderia dizer que o que mais valorizo nas pessoas é seu intelecto. Acho que quanto mais aprendo com alguém, mais consigo me aproximar e mais elementar tal pessoa se torna para mim. Não precisa exatamente ter muito conhecimento agregado, ter vontade de agregar conhecimento já é uma qualidade que valorizo bastante.
Até porque isso é necessário para o debate, para a conversa, para ter o que falar com alguém. Acho meus amigos mais próximos pessoas muito inteligentes e não é raro eu me pegar em momentos de admiração por vários deles. Aquela popular sentença que nós nos tornamos parecidos com quem nós andamos acaba que por muitas vezes sendo bastante verdadeira pois, conscientemente ou não, absorvemos estilos, sotaques, expressões corporais, opiniões e idéias (ou a falta dessas duas últimas) de quem nos rodeia. Pode não ser uma afirmação certa em todas as ocasiões, mas com o tempo acabamos nos ajustando ao nosso círculo de relações.
Fico imaginando se não tivesse conhecido algumas pessoas, se não tivesse me envolvido com algumas delas, quem teria vindo no lugar, o que teria ocorrido. Com algumas é até impossível imaginar isso, pelo modo que me atingiram e continuamente me atingem e me alteram. É difícil imaginar. Algumas me tiraram do meu espaço-comum, me levaram a novas coisas e mais novas pessoas, que nunca imaginei conhecer. Com pessoas assim entra ao meu alcance coisas que raramente aprenderia sozinho.
No fim das contas, penso em meus amigos e me sinto feliz de ter conhecido e dividido momentos tão incríveis ao lado de pessoas igualmente incríveis. Mesmo sendo difícil administrar as diferenças, é preciso aprender a conviver com elas - até porque com as diferenças se aprende bastante. E aprender com os melhores.

Citação: New Order - Thieves Like Us

1 observações:

Anônimo disse...

Quanto mais se analisa amizade e/ou amor, mais insignificante e insincera eles se aparentam, não? Ao definirmos que o que nos atrai em uma pessoa é o seu conjunto mutável de características intelectuais, e não a "pessoa em si" (o ideal da alma, se quiser), mais cínico o próprio conceito de atração se mostra. Isso porque vinculamos sentidos ideais (ou mesmo "platônicos", puros) às palavras, e ao deconstruí-las (por exemplo, "bom" significando "coisa que beneficia um certo indivíduo relativamente") se vê que não há pureza ou mesmo algo único, mas um arranjo de significados individualistas que, ao serem socialmente construídos, geram o significado sincretizado e idealista.

Não que isso tenha importância alguma: a verdadeira causa da atração humana é a ocitocina e outros neurotransmissores.