to nowhere

"Corra, o mais rápido que puder! Faça o que quer que faça, corra no limite da máxima velocidade que conseguir alcançar, pela distância que quiser, porque não vai importar" ela disse, sentada ao chão. O quarto parecia ser circular mesmo que quadrado; as paredes tinham uma cor ilusória que variava entre o branco e o preto, em uma confusa ótica. Havia fumaça, e um cheiro familiar inundando aquele temeroso espaço. Não era possível ver o rosto da mulher, ela estava em um nível de chão mais baixo e a fumaça encobria sua face. Seus pés estavam arcados para cima, ambos contraídos. Ele corria uniformemente e em linha reta, porém não saía do lugar. Estava frio, frio que cortava sua pele, mas ele não chegava a sentí-lo realmente. Sua cabeça estava doendo fortemente; seu corpo também. Se sentia pesado, natimorto, moribundo. A mulher começou a rir, repetiu sua frase e continuou a rir, de um modo repulsivo. Ele, continuava correndo, e continuava em seu ponto de partida. Os risos estavam mais altos e começaram a se misturar; haviam outras vozes de pessoas que dessa vez ele conhecia, mas não ligava as vozes as pessoas, mesmo sabendo ser muito próximo dessas. Se misturaram e subiram de volume até se tornarem um som ensurdecedor, inclassificável e não identificável. Um som agudo, de forte penetração, de um denso torpor.
Uma queda.
Acordou - acreditando ainda estar em queda, por alguns segundos. Sua cabeça doía, seu coração estava acelerado. Seu corpo estava retraído de frio; a janela aberta com um vento gelado soprando e as cobertas longe - tinha tirado a blusa, também. Estava fraco, talvez porque tivesse ido para cama sem ter comido nada durante o dia inteiro. Procurou pelas horas; estava próximo da manhã, onde teria que acordar, outra vez, para outra queda. E assim seguia.

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