time takes a cigarette

Aquela velha sombra que coexiste e coopera cada ato, sendo provedora de causas e efeitos simplesmente por ser inerente ao próprio mecanismo de pensamento e registro, memória.
A base para a criação (ou reciclagem) de ideias, de vontades, de objetivos. Aquela que, nunca inativa, se faz irreparável no ápice entretanto se revela ativa logo após, ao se perceber que ela foi uma das forças motivadoras para qualquer senso e sentimento.
A nostalgia, a lembrança. O que retorna com uma rápida e profunda inspiração, o que é automaticamente ativado com um sabor, o que revela todo um panorama relativamente mentiroso sobre acontecimentos passados de um, o que depende apenas de um inconstante foco de luz para reaparecer com potenciais variáveis, ainda que geralmente estejam em um vértice ascendente que culmina em crises de pensamento que nada mais revelam uma pausa em nossa contínua luta diária para encontrar felicidade.
Deveria eu julgar como parte dessa luta, como parte integrante e fiel, esse sentimento hoje tão incansavelmente repetido por novas mentes que preenchem o vazio que é seus ideais com pré-concepções toscas, que me deixam temeroso quando revelam, por meias-palavras, um aparato de ignorância que mostra um total desentendimento do que significa o terreno que deixamos para trás porém que fertilizou o presente - mas estaria eu saindo do meu real propósito?
Mas qual era o propósito?
Achando no tempo, no circundante e indomável tempo, nas suas linhas de criação. O edifício de nosso indivíduo - esse edifício tão desconsiderado atualmente, cujas linhas podem ser tão rígidas, límpidas e incríveis quanto as de um arranha-céu modernista - tem fundações que são constantemente editadas, melhoradas e reparadas pelo senso do passado que só a nostalgia e sua aceitação, e seu entendimento, eventualmente adensa.
Enquanto se refina esse ode ao que ocorreu, refletindo as possibilidades da [nostalgia] que irá surgir amanhã, se preenche aquela linha, lembram?

Citação: David Bowie - Time

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