os tempos de solidão

Ignore toda a verdade que circunda seus conflituosos pensamentos, e ignore suas atitudes estúpidas que se repetem e se tornam algo tão intrínseco de sua personalidade que fica difícil distinguir seu próprio humor.
Mas, simplificar como o puro e simples ato de ignorar talvez seja inapropriado, até porque é algo muito mais complexo e fundamental que um ato, ou um padrão de atos, de cenas, da sucessão delas.
O momento de se arrepender por essas ações vai se arrastando e torna-se um simples resultado reacionário, algo que é feito de modo mecânico dentro de uma rotina que aos poucos se torna difícil de escapar. E, o escape que aparece, frigidamente, é um radical e simplista caminho que ainda que de início parecendo uma via por entre um campo aberto, aos poucos se mostra limitado a apenas a via em si, dentro de um repertório contínuo e repetitivo. A alternativa que digo é a solidão - tão insuportável e envolta por gigantesca capa emitindo medo para alguns, porém tão agradável para outros. Não sei se faço parte dos outros inteiramente, porém certamente grande parte de mim faz parte desse limitado percentual. O conforto, nesse caminho de confronto, vai se esvaindo, e recai nos seguidores as limitrofes humanas de subsistência - de necessidade de companhia.
Não me aventuro com total entrega a esse caminho, me mantenho cauteloso com certo medo da incipiente infinidade que o caminho propõe, sem ramificações, sem retornos, ao aprofundado. Íntimos pessoais me conferem certa aptidão para tal, mas os peões que interferem como obstáculos para seguir esse obscuro logradouro se apresenta em forma de indivíduos incríveis e toda a prosa interminável e que representa o extremo do fascínio.
E não ignore, porque é a recusa do êxtase, e é o que há de mais nutritivo para uma vida - o êxtase, o momento, a prosa, fluindo...

Citação: parcialmente do romance de Gabriel García Marquez, Cem Anos de Solidão.

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