dum dum boys

Como quando sentávamos em círculos, em grupos, felizes, embriagados, dividindo opiniões similares e precipitadas sobre determinado tema, e éramos tão imediatistas e teimosos sobre nossas palavras. Dividíamos naquele momento um profundo prazer, não exatamente aquele prazer refinado e poético que tanto se almeja e valoriza, mas sim aquele que promove as prosas intermináveis e a vontade sem pensar, sem pudor. Se mentíssemos o motivo seria puramente superficial e não havia malícia.
Éramos novos, e corríamos do sol e procurávamos por algo para beber e ansiávamos em ver o mar, em chegar na praia, e íamos perdidos em uma transe e uma fluidez, e tínhamos total certeza que acharíamos o caminho - exatamente porque não pensávamos muito nele.
Exaustivamente e repetitivamente, perguntaríamos todo o sentido, e discutiríamos ele com aquela certeza juvenil - porém nunca realmente procuraríamos ele, porque ele não era necessário, porque só estar era o fundamental.
Sem perceber, sem querer, construíamos o intrínseco de nosso ser, da nossa vivência, e traçávamos a linha principal que iria correr os boulevards e avenues da posterioridade. E iríamos alargá-la com cada momento de euforia e animação que iria proporcionar a mudança para highways e autobanhs. E o cansaço seria rapidamente substituído por mais, e estaríamos satisfeitos sentido no físico toda aquela exaustão - exatamente porque significava proveito. Estávamos preparando nosso terreno.

E continuaríamos a preparar, mas com o irritante atenuante de tentar imitar o passado, cujas imperfeições passaram despercebidas em meio à fluência que nossa imaturidade proporcionava.

Citação: Iggy Pop - Dum Dum Boys

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