running out of air

Aquela situação cansativa, ali, de volta, à espreita.
A voz. Aquela incessante e insolúvel voz que o acompanhava, silenciosamente porém ativamente, de ação em ação, de sentimento em sentimento...
O impedimento. A agonia que faziam possibilidades afundarem e a falta de sentido em toda aquela melancolia, puxada para a superfície pela insuperável voz. A voz que ecoava em meio a um vazio insuportável, em meio a um vácuo que não seria preenchido por um longo tempo - pelo contrário, a existência do vácuo por si só constituía seu velho conhecido circulo vicioso de isolamento.
Tentava, porém, mesmo sem perceber, se impedia de tentar à fundo. Algo lhe avisava um cansaço, algo lhe relembrava um desânimo, algo insistia em lembra-lhe que ele era, afinal de contas, um garoto solitário, e esse pensamento tilintava em sua cabeça com uma força que aumentava pelo minuto.
Tome um ar, ande sozinho, observe as luzes do centro em meio à velocidade amainada do delicioso inverno - pensava tanto nesses agradáveis momentos que começava a ficar difícil acompanhar os outros e suas conversas, pois simplesmente preferia ficar sozinho.
E ficar sozinho, ficar sozinho debitando a culpa que lhe acompanhava - a voz que o lembrava dos erros que repetiu e agora lhe cercavam e retornavam como um assombro que não deveria tomar parte tão cedo...
E como poderia tomar um ar e confortavelmente experimentar a sensação insubstituível de liberdade que acompanha a juventude, sensação que sempre o confortava porém não experimentava do mesmo modo que antes, não com a intensidade de antes - imerso em claustrofobia, não recuperava o ar.
Quem sabe o problema era pensar demais, ir tão ao fundo, tomar os extremos.
Ou então o problema era acreditar tanto na voz... e ela não delimitava um caminho, apenas denunciava falhas e personificava os buracos.
Faltava um levante, um contraponto que exterminasse os frágeis porém inescusáveis argumentos que faziam da voz algo tão intrinsecamente perturbador.
(...)

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