Poderia ser o vento que cortava e derrubava as sensações térmicas, ou poderia ser o vinho branco, mas aquela onda de nostalgia, aquele choque de saudade que não era em nada específica, era tão perdida quanto os dois se sentiam. A inexatidão e incerteza daquilo, a urgência adolescente e a vontade de se deixar ir, carregado com qualquer que venha a ser a próxima corrente. A nostalgia se apresentava mais por possibilidades e não por uma tangível saudade do que há tempo se fora, e não era triste, apenas preenchia o ar agradavelmente como um tipo de música imaginária.
O sentimento era incerto também, prematuro, entretanto ele sentia que tal sentimento tinha um potencial totalmente inexplorado e um fundo mais sedento do que puramente insatisfeito. Não era uma corrida, a urgência era simplesmente superficial e ficar ao lado, dividindo olhares perdidos, lhe parecia muito mais importante e agradável do que qualquer outra coisa, ambos tortos por uma leve ação do álcool em seus corpos.
As palavras fluíam na hesitação, na dúvida da amizade apaixonada, e a garota ao seu lado tentava redirecionar a atenção para a beleza daquela noite, daquela cidade, daquelas luzes. As ondas de movimento que os carros incitavam os convidava para uma caminhada, e à beira-mar eles comentavam, sem nenhum foco aparente, sobre seus arredores. A conversa fluía e as pausas demonstravam uma mútua hesitação em abrir uma brecha para revelaram a atração que sentiam um pelo outro.
Uma segunda onda de nostalgia iria resvalar outra vez, e outra vez eles se encontrariam perdidos em uma imensidão, procurando os limites da baía com um fundo nublado, e novamente não se importariam. Estavam ali, um, o outro, juntos.
Citação: Iggy Pop - Fall in Love With Me
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