(texto sem nenhuma estrutura ou linearidade e sem nenhum propósito de o ser, nem fingir que o é)
Agora ele entendia. Enquanto se perdia pelas diferentes camadas de cor por entre nuvens de um fim de tarde que oscilou entre chuva até um sol avermelhado, ele refinava sua linha pessoal de pensamento.
E, finalmente, concluía - ainda que sem chegar exatamente a uma conclusão, porque ela nem existia, apenas a um pensamento concreto que refletia seus valores morais - que não o importava os julgamentos alheios, os olhares de repreensão, os gestos faciais que denotavam desentendimento - não, eles não iriam entender, nem deveriam, nem lhes em nada é importante entender. O que importava, ele pensava, eram os lábios daquela garota. Ainda que metaforicamente, claro - já que isso representava a confiança, a vontade, os momentos. Não era paixão, era uma autoconfiança exagerada que lhe servia para acentuar seu desprezo em relação as disparidades e hipocrisias dos arredores diários.
Seu raciocínio, caindo no cerne do que sentia, agora circundavam outros, e mais extensos, campos. Pensava na revolta que sentia com essas cordas finas, porém de certa forma resistentes por insistência (e não a força em si), que se impunham automaticamente como resultado de viver em um âmbito social, e que lhe impele para o isolamento, e que lhe deixa enojado, enquanto vê e sente o desperdício de mentes produtivas ocasionado pelo mais completo ócio - resultando nessa incrível roda-gigante viciosa que prova qualquer teoria do ser desprovido de luz - e não porque ele intrinsecamente o é, e sim porque ele ignora que, na verdade, não é.
Percebera que até havia esquecido de acender o cigarro, que estava passeando por seus inquietos dedos nos últimos minutos. E, outra coisa, percebera o quão aquilo ia longe - e sentia um misto de temor e esperança, e não entendia, em meio ao desespero da falta de pensantes... surgia-lhe a noção real de que todos tem tal capacidade, pois o são por natureza. Então porque a rejeitam? (...)
Citação: título adaptado de trecho do romance de Ayn Rand, A Revolta de Atlas
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