Na última quinta-feira (05/05), após alguns minutos em frente à televisão, não pude evitar um sentimento de orgulho misturado com outro de ânimo, ao ouvir os discursos que, um após outro, relatavam verdades que pareciam que nunca iriam ser expostas em nosso país. Era a TV Justiça, e o direito de casais do mesmo sexo à união estável na lei estava sendo julgada - e unanimemente foi concedida. A decisão foi acompanhada por uma polarização gigante de opiniões - e não só entre os afetados pela nova lei quanto por religiosos e extremistas cruéis e ignorantes. Sem dúvida, ela representou um avanço social pela busca individual a felicidade e uma consolidação de um estado laico sem religião oficial. Como relataram, não há espaço para interpretações religiosas dentro de nosso Estado de Direito - e levar tal em conta é ferir direitos individuais.
Mas os instantes de felicidade sucederam outros de espanto, ao ler os comentários em torno da decisão. De alienados citando passagens bíblicas aos que sentem saudades da repressão militar e referenciam como tal decisão afeta a estrutura nuclear da família - ao mesmo tempo que garante direitos a um tipo diferente de família constituído e já existente em grande número dentro de nossos territórios. É triste - perceber que uma decisão a nível superior não altera a mentalidade limitada de tantos por aí. Não que eu esperasse algo diferente. No fim, é uma questão de respeito mesmo, que se adquire com educação. E, num país onde de cada 4 apenas 1 é plenamente letrada, não é exatamente uma surpresa. Grande parte de nosso país também é afiliado com alguma igreja cristã - o que pode ou não refletir algumas de suas opiniões em relação ao tema. Podem ser contra. Podem ser a vontade. E o Supremo Tribunal Federal não tirou o direito de ninguém a ir em suas igrejas, de seguir suas doutrinas. O que isso tem a ver com a vida dos outros e porque isso tem que ferir a democracia?
Para quem orienta sua atração para outros do mesmo sexo, o ambiente continua hostil - mas agora, os direitos são parte integrante do Estado, que, por tal decisão, decide como ilegítima a decisão de quem podemos ou não constituir uma família. Não vejo problemas nesse debate, o problema é que o lado que é contra o reconhecimento de tais direitos não tem nenhum argumento sólido, nenhum, que sustente sua opinião. Ao menos eu nunca tomei conhecimento - nem há motivos para estarem certos. Até porque, como teriam? Não fere ninguém, apenas equipara direitos a uma parcela da população já castigada há tempos com diversos tipos de preconceitos. Não é a defesa de nenhum estilo de vida, de nenhuma orientação sexual, de nenhuma vertente ideológica, é apenas a defesa a justiça. E parabéns ao tribunal, garantindo uma vitória para toda a sociedade - sem nenhuma exceção.
0 observações:
Postar um comentário