"Pois bem, aí está. Consumou-se. (...) O terreno está desobstruído. Limpo. Completamente limpo. E me pertence. Uma vitória tão completa e a tanto custo conseguida, de repente me traz insegurança. Assusta-me: as pontes estão cortadas atrás de mim, é preciso avançar. Criei um vácuo sob meus passos, para onde caminharei? No limiar da felicidade, por mais merecida que seja, por mais que nos tenha custado, o coração hesita; tenho medo de meus remorsos, de minhas complacências. (...) Não é bom voltar-se sobre ruínas; já não sabemos para onde vamos.
Mas não: a angústia está ligada a meu estado e de ambos me livrarei ao mesmo tempo. Esse mal-estar da alma é normal, disseram-me. (...) É preciso queimar esse passado de uma vez, como se faz com as velhas cartas, e não mais pensar nele. E continuar. No mesmo sentido"
trecho inicial de O Repouso do Guerreiro, de C. Rochefort.
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